Tenho a vila no sangue.
As lembranças me acenam da
Rua de chão batido,
Com as valetas em frente das casas e
As cercas aproximando a vizinhança.
Os gritos de meninos jogando taco,
Bolinha de gude ou em corridas de bicicleta.
Eu sou da vila.
As memórias viajam pelas
Peladas no campinho em que
A grama era apenas uma lembrança.
Os times sem nomes:
Os com camisa contra os sem camisa.
A invasão da noite,
Tendo como holofote o poste da esquina.
Eu sou da vila.
Chamar cada morador pelo nome,
Na simplicidade das casas, de onde vinha
O cheiro da comida sendo preparada e
Onde se entrava pela porta da cozinha.
Descobrir que as mães
Faziam correntes de solidariedade,
Num tempo em que sequer sabiam
O significado desta palavra.
Eu sou da vila.
Nas lembranças,
Abrigar-se com a gurizada,
Encostados a um velho coqueiro,
Que no meio da rua era a derradeira despedida
Para quem ia à escola,
Ou, iniciando a vida adulta,
Nas andanças pelo mundo.
E o carinho de todas as voltas para casa…
Nas valas, corriam as águas das chuvas,
Deslizando os barcos que
A imaginação transbordou do cinema.
Foram se fazendo despedidas
E as moradas perderam
O nome de seus proprietários.
Desapareceram
O chão batido e os campinhos.
A vila que ainda mora em mim:
Já não se sabe o seu nome,
Embora se diga que
O vileiro a tem guardada no próprio peito.
Ecos da infância e juventude,
O lugar de carinhosas lembranças,
O destino das muitas e sentidas saudades…
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