Abre as minhas mãos.
Sabes o que tenho guardado dentro delas?
Algo mágico que vai perturbar a tua imaginação.
Quando fores liberando, dedo por dedo,
Chegará o momento em que, já revelada,
Sua concha te mostrará os sonhos e meus afetos…
Sempre estiveram ali.
Nunca tive coragem de deixá-los ir muito longe.
Se, em algum momento, estiveram fechadas,
Era para protegê-los,
Sabendo que não se contentam em ficar reclusos
E que sempre há um tempo para se aventurar.
Minhas mãos nunca estiveram vazias.
Durante momentos difíceis,
Fiquei com medo de que os abafasse.
Protegê-los demais também causa
A sensação de perda, a sensação de vazio.
Aquele instante em que meus dedos se contorcem,
Incapazes de aprisionar sentimentos...
O santuário onde guardo os sonhos e meus afetos
Tem as marcas da minha incompletude.
Ali, foram escavados meus sentidos e
Lanhadas as linhas do meu destino.
Sem conseguir desvelar seu lugar de aconchego,
Restou acreditar que de tudo o que passei
Ainda resta uma sombra imprecisa do que vivi.
Ao contemplar as palmas das minhas mãos,
Vejo que continuam lisas por serem
O porta-joias da minha existência.
E seu dorso está desgastado por tentar
Preservá-la das intempéries…
A beleza que o tempo, sem pressa, esculpe em
Suas linhas, com as marcas da leveza e da gratidão!
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