domingo, 28 de julho de 2024

Onde guardo os sonhos e os meus afetos

Abre as minhas mãos.

Sabes o que tenho guardado dentro delas?

Algo mágico que vai perturbar a tua imaginação. 

Quando fores liberando, dedo por dedo,

Chegará o momento em que, já revelada, 

Sua concha te mostrará os sonhos e meus afetos…


Sempre estiveram ali.

Nunca tive coragem de deixá-los ir muito longe. 

Se, em algum momento, estiveram fechadas,

Era para protegê-los,

Sabendo que não se contentam em ficar reclusos

E que sempre há um tempo para se aventurar.


Minhas mãos nunca estiveram vazias.

Durante momentos difíceis, 

Fiquei com medo de que os abafasse.

Protegê-los demais também causa 

A sensação de perda, a sensação de vazio. 

Aquele instante em que meus dedos se contorcem,

Incapazes de aprisionar sentimentos...


O santuário onde guardo os sonhos e meus afetos

Tem as marcas da minha incompletude.

Ali, foram escavados meus sentidos e 

Lanhadas as linhas do meu destino.

Sem conseguir desvelar seu lugar de aconchego, 

Restou acreditar que de tudo o que passei

Ainda resta uma sombra imprecisa do que vivi.


Ao contemplar as palmas das minhas mãos,

Vejo que continuam lisas por serem 

O porta-joias da minha existência. 

E seu dorso está desgastado por tentar

Preservá-la das intempéries…

A beleza que o tempo, sem pressa, esculpe em 

Suas linhas, com as marcas da leveza e da gratidão!

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