Se tiver paciência para percorrer páginas de jornais mais antigos, ou mesmo pesquisar na Internet, encontra ao longo dos governos pactos salvacionistas que juravam de pés juntos que eram a salvação da lavoura. Por diversos motivos: desde o fato de não serem exequíveis, passando pela falta de continuidade das políticas públicas, até a pouca (ou nenhuma) vontade política, levou a serem engavetados, ficando como peças compondo dissertações e teses para currículos acadêmicos. Quase sempre aqueles que deveriam fazer a “boa política” pensam nas próximas eleições.
Não duvido da boa intenção de quem articula o projeto. Uma das declarações chamou a atenção: “a educação é um problema da sociedade e não somente dos segmentos diretamente envolvidos”, no caso pais, alunos e professores, especialmente. 80% dos alunos estão em escolas públicas, portanto, é preciso iniciar por aí uma atitude que envolva famílias, comunidade escolar e a sociedade. Um lugar para encontrar referências que possibilitem as mudanças sociais, incluindo a discussão de temas como cidadania, inclusão, igualdade de gênero, tolerância, hábitos de consumo…
Não há dúvidas de que as mudanças que não se consegue ver como viáveis passam pela educação. Com os números apresentados e a máquina pública desgastada e exaurida, a perspectiva de que algo se concretize é distante, mas não é impossível. A grande novidade é o envolvimento da sociedade através do voluntariado e financiamento empresarial. Uma sociedade corresponsável, numa rede de colaboração que propicie o conjunto tão sonhado: professores preparados e bem pagos, alunos em situação social de aprendizado, ambientes educacionais adequados e processos continuados.
Uma das ações mais inspiradoras se deu com o “Crie o Impossível 2022”. Um projeto com cara de poesia, bem ao estilo do que deve ser a educação. Na semana passada, um super “aulão” reuniu centenas de jovens no Beira Rio para ouvir depoimentos de 11 palestrantes que contaram a história das suas vidas: dificuldades, conquistas e superação. Tendo em comum o fato de serem oriundos do ensino público e, hoje, atuando como influencer, cientista, jogador de futebol e investidores. Gravei a frase chave de uma das organizadoras: “sonhar é a única ação que não pode ter limites.”
Infelizmente, em boa parte dos casos, o sonho está virando pesadelo. É fato que muitos professores desanimaram, pais não vislumbram perspectivas de mudança social e jovens não encontram na escola lugar de convívio e realização. O que anula o sentido de buscar aquele que é caminho natural de entrada no “mundo dos adultos” e das realizações. Falta uma “cultura da educação” já que se esquece de que por toda a vida se é aprendiz. Lembrando Paulo Freire: “Educação não transforma o mundo. Educação muda pessoas. Pessoas transformam o mundo”. Amém. Que assim seja!
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