Na volta, era diferente. Andavam devagar, seus novos companheiros entenderam que precisavam seguir o ritmo de Maria, que transportava uma “carga” que chamava a atenção de todos: um menino, que merecia os cuidados e o carinho explícito das mulheres e das crianças. Também olhares ao longe e sorrisos por parte dos homens. Eram eles que, ao fim da tarde, quando se encontravam ao redor do fogo, queriam saber detalhes daquele nazareno perdido que os acompanhava. Tinha que dizer que Maria era de Nazaré e ele, José, de Belém. E que tiveram seu filho na cidade de Davi.
Curiosos, procuravam saber com quem Jesus era parecido. Com um dos dois ou com um familiar? José não sabia. E suas recordações se voltaram para o nascimento. A chegada a Jerusalém parecia ser um alívio na longa jornada. No entanto, sem conseguirem abrigo, tiveram que recorrer à sua cidade de origem, Belém, que também estava cheia dos peregrinos que rumavam à Cidade Santa. Uma senhora que viu a aflição em que o casal se encontrava os havia abrigado num estábulo e fez questão de auxiliar Maria, quando percebeu que a hora do nascimento de Jesus se aproximava.
Depois de todas as angústias pela gestação de Maria e a viagem que poderia ser perigosa em tempos normais, na volta, precisavam de mais cuidados. Porém, o primeiro choro, o primeiro gemido, a primeira vez que se achegou ao seio da Mãe e o primeiro olhar, mostraram que os sacrifícios valeram a pena… Segurou a mãozinha que se perdia entre as suas, não conseguia ver parecença com ninguém dos seus familiares. Saiam de um plano onde sentiam todas as mazelas da pobreza em que estavam agora para ter a graça de contemplar o Senhor do Universo em forma de criança!
Para quem é cristão, lembrar da Sagrada Família, da família de Nazaré, de Maria ou de José, é falar dos traços mais humanos da revelação de Deus. Que bom que o frei paulino Darlei Zanon nos aqueceu o coração narrando com a perspectiva da história, da cultura e dos costumes o que viveu o pequeno grupo familiar que atravessou dois mil anos como referência para homens e mulheres de boa vontade. Seu livro “Simplesmente José” traz, neste mês mariano, a certeza de que as verdades anunciadas por Jesus tinham como respaldo o próprio Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó...
Com cheiro e gosto de Família. O lugar privilegiado para se praticar a arte de amar e aprender a cuidar, necessidades básicas da realização de qualquer ser humano. Neste caso, quem não pediu nada, um simples carpinteiro, aceitou ser pai de coração do Filho de Deus. Jesus estava bem de Pais! Do lugar onde trabalharam juntos por longo tempo, ressoam conversas em que o pai diz para o filho que não existem novas receitas para ser e fazer feliz. O jeito é aquecer o coração que, na abertura para Deus, encontra o sentido de cada um ser, até no dia das Mães, simplesmente, “José”!
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