sexta-feira, 20 de maio de 2022

Fechar o ciclo da vida

Tem um momento em que

a gente volta o olha para o passado.

Enevoada pelo tempo, aparece

a parede do canto da casa

onde ficavam os brinquedos...

Ainda se pode enxergar

a bola que se chutou depois do jogo

ou a bicicleta que levou para tantas aventuras.


Foi o início das muitas andanças.

Depois, foram trilhas por terras distantes,

conhecendo pessoas, aprendendo,

experimentando o que me amadureceu,

enriqueceu o conhecimento,

e tornou mais tolerante e compreensivo.


Quantas vezes as lembranças me fizeram sorrir,

sozinho, com o olhar perdido...

Retornava aos brinquedos, às traquinagens,

aos bailinhos, aos pátios das escolas, às turmas de amigos,

aos “sofrimentos” dos primeiros amores.


Mas o tempo é inclemente,

ele teima em continuar passando…

Hoje, já não tenho mais medo.

O que me provoca, pela própria incompletude,

é o tempo de recolher as bagagens,

juntar o pouco da vida que vale a pena

e começar o caminho da volta.


Não importa por onde andei.

Um dia o coração encontra a bússola

que aponta para onde tudo começou.

Voltar é reencontrar origens,

lugares que não desgrudaram das lembranças,

pessoas que, nas memórias, despertam uma lágrima sentida.


Saudade não é a dor que castiga.

Saudade é o rumo que a alma toma

quando novos caminhos parecem não ter mais sentido.

Saudade é quando o tempo assopra ao ouvido

que, em algum lugar do passado,

está o laço necessário para fechar um grande percurso -

nascer, morar em um corpo e fenecer -

o grande ciclo que dá sentido à própria vida!

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