Sexta com gosto de poesia:
Pela mesma rua, pela mesma calçada,passam com as suas marcas, como um relógio do tempo…
A criança ainda arrasta os pés no andador.
O idoso precisa de arrimo para não desistir de andar…
Do seu jeito, os dois assinalam a existência:
um principia, o outro já sente que tem direito ao repouso.
A criança olha para a vida como uma grande avenida
por onde ainda vai andar e percebe
que tem muito o que descobrir.
No horizonte, estão sonhos, desejos, sentimento de que
pode fazer cada momento valer a pena…
O idoso já sente que tem pouco o que vislumbrar
e muito o que agradecer.
Já não importa se viveu mal, ou se viveu bem,
apenas que o cansaço da viagem é sinal de
que está próximo de aportar ao seu destino.
Um não sabe o que vai colocar na bagagem.
O mundo é uma imensa vitrine que coloca
aos seus pés todas as expectativas possíveis...
O outro está num tempo em que só precisa
das suas lembranças e da sensação
de que foi marcado pelo caminho.
O idoso sente que não é, apenas,
a projeção do futuro para quem inicia.
Gostaria de falar, mas já nem sabe se precisa,
o quanto a criança é parte do seu passado,
a segurança para o presente e, mesmo que já seja o seu ocaso,
um sentido para o tempo da sua ausência.
A vida é um belo e precioso intervalo entre nascer e morrer.
O desafio é encontrar e dar sentido
a cada ato, cada momento,
cada um que cruza com os nossos caminhos.
Até o fim, a possibilidade de que a última arfada de ar
não tire dos meus olhos o sentido da derradeira esperança!
Um comentário:
E seguimos com esperança e lutando por dias melhores. Lindo texto para encerrar uma semana tão puxada.
Postar um comentário