Mas o que se pode fazer senão tocar a vida… Na sexta-feira, conversei com a psicóloga Margarete Andreazza, no programa “Bem viver, corpo e mente”, pela TV Cidade de Farroupilha/RS. Leu o texto que publiquei: “2022, nós esperançamos” e queria aproveitar o momento para refletir sobre a temática do seu programa: corpo e mente, acrescentando a necessidade dos cuidados espirituais. Em tese, é simples, talvez na prática seja mais difícil - ninguém consegue cuidar do outro: marido, esposa, filhos, pais, sogros, amigos, se não tiver uma rotina de cuidados consigo mesmo.
Bato seguidamente numa tecla: em momentos de tranquilidade ou na crise, é preciso se preservar espaços de sanidade mental. A pandemia trouxe dificuldades de se fazer isto em grupos – reuniões comunitárias, almoços em família, chopinho das sextas-feiras, futebolzinho com amigos, a noite das meninas, enfim, o jeito e as desculpas que se dá para encontrar com aqueles que são mais próximos. Mas… antes é preciso que a gente se encontre consigo mesmo: rezar no silêncio do quarto, ouvir música no cantinho preferido, ler as mensagens que procuram dar um “up” na vida de cada um.
Não me julgo uma pessoa que seja exemplo de relacionamento social. A culpa não é do coronavírus que somente acentuou o jeito de ser que se tinha antes, com virtudes e defeitos. Talvez tenha ajudado a explicitar o lado mais humano, que no agito do dia a dia fica velado. O jeito de se fazer uma autoavaliação e tomar consciência de que, além da idade, a “ogrice” de quem se esconde nos seus “pântanos” não é simplesmente “não gostar de alguém”. Fica mais parecido com o fato de que a rotina, a casa, as flores, as comodidades e os serviços são uma prefiguração da casa final…
Ainda acho que uma das boas metáforas que se pode utilizar a respeito da vida é a do livro. Muitas brincadeiras: um livro fechado, com páginas em branco, com elas arrancadas, enfim, as coisas que se diz para não tomá-lo nas mãos e sentir que, por aquelas páginas já amareladas, passou uma existência… A releitura não é com a intenção de reescrevê-lo, isto não existe, ou negar o passado de cada um. Viver plenamente o hoje exige que se assuma acertos e erros, especialmente, que se tome ciência de quem efetiva (e afetivamente) esteve ao nosso lado durante todo este tempo.
“Tô sentindo a tua falta”, dito de forma física (meios de comunicação, mensagens) ou para quem já partiu, em espírito, é a forma de não perder laços que as muitas e mal traçadas linhas registraram e, seguidamente, afloram nas lembranças. Jeito de mostrar que não importa que já se tenha vivido mais do que o que vai se viver pela frente. Ainda é tempo para se esperançar e fazer valer a pena a história já escrita, valorizando o “presente” de cada um. A consequência do que se fez e se plantou: o “presente” é um mimo, um regalo, único e intransferível nesta aventura que se chama vida!
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