Os mais recentes, Quartier e Quinta do Lago, ficam nos antigos campos e banhado dos Carúccio, já estando adiantadas as ruas, o que permite que se revejam lugares onde as pessoas caminhavam nos finais de tarde - ou aos fins de semana - em busca de ervas de chás, também, como dizia meu pai: “soltar as crianças para pastar e escramuçar”. Normalmente, quando as mães já estavam no limite do estresse e precisavam de um tempo para se recondicionar e tirar os meninos de circulação. Para eles, a novidade, na companhia do avô, era andar por trilhas, matinhos, morretes e um “laguinho”…
Nas caminhadas matinais, experimentei rotas alternativas num dos pontos mais elevado e fui surpreendido por boas memórias: o “laguinho”, uma das áreas de onde as olarias tiravam o barro para tijolos e telhas. Uma delas era a dos Carúccio, que ainda hoje tem parte da estrutura em pé. A outra, tenho um resquício de memória, seria a dos “Santos Anjos”. Não tenho certeza, alguém poderia me confirmar ou dar o nome correto. O arredor foi desbastado e abandonado. Ali brotaram gramíneas, ervas e arbustos, acolhendo bandos de pássaros que ainda buscam abrigo ao anoitecer.
Até a década de 70, a vila Silveira era um “condomínio fechado”. Uma rua (estrada) principal, com uma série de entradas laterais, que terminava ao iniciar o banhado dos Carúccio. A partir dali era um terreno difícil de ser percorrido. Quando o primeiro garoto que estava no quartel, em serviço, ficou sem dinheiro para o ônibus e resolveu atravessar área ocupada por maricás e gravatás (arbustos espinhosos), foi considerado um herói. Prenunciava a preocupação de muitos: um dia, a rua seria ligada com o Fragata - como se dizia, então - e acabaria com o sossego dos antigos moradores…
O desenho urbano é dinâmico, mas não precisa ser caótico. Nos últimos dez anos, os moradores que praticamente fundaram a vila (no início da década de 50) foram sacrificados por uma visível falta de planejamento e democratização dos dados referentes às obras. Projetos bem elaborados (e bem financiados) de bairros planejados coexistem com rua acessória transformada em corredor de transporte, mostrando despreparo dos planejadores públicos em reunir a expansão da área de construção com elemento humano, propiciando recursos como: lazer, saúde e educação...
Não sou contrário à evolução que traga melhoras, com oferta de serviços, inclusive comerciais. Entretanto, o que se viu foram idosos afastados das ruas, crianças perdendo espaços para brincar e que as residências, agora pela pandemia, estão longe de ser lugar de refúgio e abrigo. Fica claro que se o administrador público não for capaz de ter uma visão de conjunto da vida do cidadão, também não será capaz de ter uma perspectiva de futuro onde se integre e qualifique a própria vida…
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