O Francisco Assis tem postado no Facebook imagens do seu tratamento com quimioterapia, uma das formas de combate ao câncer. Em textos sempre com algum detalhe técnico - mas também com a irreverência que lhe é peculiar - deixa os amigos a par, de um jeito em que se fica solidário tendo a certeza de que o Chico é daqueles vasos que duram, duram muito e apesar das batidas e quedas, não quebra.
A evolução na cura dos diversos tipos de câncer é inquestionável. Quem acompanha pacientes desde a segunda metade do século XX sabe que o diagnóstico era a certeza de entrar no corredor da morte. Pesquisas se desenvolverem, medicações foram testadas e tratamentos já conseguem controlar grande número de variáveis. Mas, infelizmente, continua sendo uma doença terrível e um estigma angustiante.
Os meios de comunicação têm dado destaque ao quadro médico e ao tratamento necessário. Inclusive novelas já tiveram personagens vivendo este drama, sendo o mais emocionante quando Carolina Dickman (Laços de Família) precisou se preparar para a quimioterapia e seus cabelos foram sacrificados em longos minutos em que o Brasil suspendeu sua respiração diante da representação da dor.
Mas, para além do glamour da televisão, há a vida do dia a dia de quem enfrenta um câncer. E ela não é fácil. Em casa vivemos a doença do meu pai, vitimado por um câncer no pulmão. Depois foi a vez de minha irmã acusar um caroço na perna. Por fim, precisei extirpar um câncer de próstata. É um longo tempo de espera, tratamentos e incertezas porque, à frente, lida-se com a perspectiva de perder a vida.
Os estigmas são neutralizados quando se consegue entendê-los e lidar com os seus efeitos. Mas ainda há uma distância a ser percorrida para que as pessoas não transformem doentes em párias. Esta é uma luta que não tem sentido sozinha. Embora hoje os números sejam bem melhores - entre as crianças a cura chega a 80% - o doente precisa é de esperança. A própria e aquela que o cerca dizendo que, muitas vezes em meio a tubos e cateteres, ainda vale a pena buscar um olhar de cumplicidade na dor.
Desde que criou a ADOTE (Aliança Brasileira de Doação de Órgãos e Tecidos), o Chico sabia dos obstáculos, mas que há também uma rede de solidariedade conspirando a seu favor. Agora não vai ser diferente. Ele vai sobreviver a mais este desafio que a natureza do seu corpo impôs. Foram muitos momentos em que teve que cuidar da sua própria saúde assim como de seus familiares, com uns ganhando, com outros tendo que deixar partir. Por tudo o que diz, está vivendo um dia de cada vez. Ainda é capaz de ensinar que, quando a tempestade passa, também se pode dançar na chuva!
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