A imagem que se destaca nos jornais de hoje é a do ex-presidente Lula, em tratamento para combater um câncer, agora sem barba e sem cabelo. Para refrescar a memória, algumas fotos mostram Lula ainda em tempo de sindicalista, com cabelo e barba desgrenhados; já presidente, com um tratamento adequado para a liturgia do cargo; e, agora, a imagem da preocupação com a saúde, tentando vencer uma etapa difícil da vida.
Se para um comum mortal já é difícil superar a dificuldade de perder os cabelos, muito mais difícil para uma figura pública - mesmo que diga o contrário - pois faz parte da indumentária com a qual foi vendida uma imagem.
Uma queda sempre anunciada nesta fase do tratamento, acaba sendo difícil, quando não traumática, pois altera até mesmo aquilo que dá uma certa estabilidade ao olhar para o espelho: a própria imagem. Não é mais a mesma, embora se busque em perucas ou bones uma compensação para aquele figura que, em muitos casos, acaba ficando patética.
Muitos podem dizer que não têm estas vaidades. Têm, sim. Se não a vaidade em excesso, as pequenas vaidades de alguns fios de cabelo que escondem um defeito de orelhas; a tentativa de puxar outros fios sobre o nascedouro de uma careca; ou um corte de cabelo que disfarce as tão malfadadas entradas.
Uma imagem pode ser apenas uma imagem. Mas também pode fazer parte de um todo, onde um acompanhamento médico e afetivo podem fazer a grande diferença. Mais do que um Lula sem cabelos e barba, o que fica é o carinho de sua esposa, dona Marisa, que, neste momento difícil, não deixou que outros cumprissem esta tarefa tão espinhosa: unidos na vida e na morte, preferiu ela mesma fazer do corte de cabelo um belo gesto de amor à vida, que ela compartilha há tanto tempo.
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