Da série "arquivo", aos domingos vou apresentar textos já publicados. Este é de 12 de novembro de 2003.
Hoje já estamos a uma distância histórica bastante significativa. Em tese, permitiria fazer uma avaliação “mais científica” possível. Mas não é o que acontece na realidade. Cada vez que alguém relembra uma das aparições de Nossa Senhora deixa que seu coração ocupe o lugar da razão e que a emoção diga, não o que viu, mas muito mais o que sentiu naquele momento.
É o pensamento que tenho quando ouço do Túlio Oliver a lembrança do que sua avó contava, agraciando filhos e netos com suas histórias a respeito do que aconteceu em Fátima (Portugal), onde três pequenos pastores viram Nossa Senhora, que lhes contou segredos futuros e, até hoje, mexem com a fantasia e o imaginário das pessoas.
Mas, sabendo que apenas os três pastores viram Maria aparecer sobre os arbustos, então, o que atraiu uma multidão para aquele lugar?
Um detalhe simples e emocionante: embora as pessoas não pudessem ver o que Lúcia, Francisco e Jacinta viam, quando anunciavam: “Ela está chegando!”, um silêncio absoluto tomava conta das milhares de almas que haviam acorrido em busca de uma bênção, de algum consolo por parte da Mãe do Senhor. E, no silêncio, podiam ver que os arbustos afundavam no lugar em que deveriam estar os pés encantados da Senhora.
Esta imagem, de que os arbustos cediam ficou para sempre no coração daquela avó, que desejou passar – e emocionar – netos e filhos com a certeza de que, de Deus, nem tudo é para ser visto. Muito é para ser sentido. É o sentimento que se tem quando, num abraço de despedida, as palavras faltam e um aperto maior diz o não dito: “estou aqui, ao teu lado”. Mulher que silenciosamente acompanhou o filho até vê-lo suspenso na cruz, entre o céu e a terra, numa muda oração.
É algo parecido com o que vemos, hoje, acontecer com o papa João Paulo II. O polonês que mostrou ao mundo disposição para fazer a Igreja reencontrar com seu povo. Tornou-se grande motivador para um novo ânimo, especialmente através do seu exemplo, já que incansável na defesa dos mais pobres e das grandes causas da humanidade.
Tendo cumprido sua missão, marcando a terra como o Papa da Paz, sente-se como alguém que, tendo “lutado o bom combate”, encontra-se na hora de ter a graça de ver o que viram os três pastores. E seguir as pegadas de Nossa Senhora.
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