Da cultura e da África
Passei a ter outro olhar sobre o continente africano quando fomos abençoados pela chegada de três homens de Deus que nos deixaram sua marca - padres Quintino, Martinho e, agora, Augusto. Vieram em intercâmbio estimulado por dom Jayme Chemello, o primeiro para Comunicação, o segundo para o Serviço Social e o último também para Comunicação.
Em meus sonhos de viagens, meu coração sempre me levava para alguns países da Europa, das Américas ou vagando pela Oceania. No entanto, comecei a tomar gosto pelo jeito de ser que expressava uma cultura absolutamente diferente, com seus costumes e sua religiosidade, fazendo da diversidade um sentido de vida.
Pelas muitas conversas que tive com os três, passei a entender melhor o sentido de relacionamento que se dá em países que foram ocidentalizados à força, sendo obrigados a encobrir suas tradições com uma sincretismos cultural que levou a copiar muito do que lhes era impingido, mas também a lutar para manter suas tradições e valores.
Fico encantado com estes povos que tiveram que fazer o mesmo, dos dois lados do oceano. Lá, a colonização tentava lhes impor os "valores" de uma democracia de interesses comerciais; para cá, vinham escravos, com as marcas de uma religão supostamente cristã, que lhes negava a própria fé. Contam que, hoje, em muitas igrejas construídas pelos negros, quando são restauradas, é comum encontrar, em meio às paredes, pequenas imagens de suas divindades num processo de sincretismo que vivemos até hoje.
Creio que minha segunda natureza é ser africano. Além de termos um pé na mãe África, pois nossa população é em grande número também negra ou parda, ou morena, também lhes devemos muito do que hoje entendemos por cultura.
Neste caso, com certeza, a cor da pele não pode ser a diferença, pois não faz a essência de um homem. Mas um coração pulsante deve e pode ser o grande elemento de aproximação, energizando uma fé que se faz, para além dos mares, num encontro de olhares que vivenciam as mesmas esperanças comuns à humanidade.
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