Impressiona como, praticamente todos os dias, a vida nos surpreende. São coisas, muitas vezes banais, mas que nos chegam cheias de carinho: um sorriso de agradecimento de uma pessoa doente; a mãozinha carinhosa da criança que desenha nossos rostos; uma nova vida que chega, no deslumbramento de quem já não acredita que isto possa acontecer.
Brinquei, alguns dias atrás, que, hoje, matamos um tigre a cada dia. Isto é, não estamos lançando grandes perspectivas, mas procurando viver bem o dia de hoje. Um amigo disse que isto pode levar a que nos acomodemos na rotina. Não creio. Parece que a vida faz as suas pequenas liturgias, das quais sentimos falta quando nos afastamos. E que torna tão bom aquele momento de despertar, higiene, café da manhã, olhar os jornais....
A nova vida que ainda descobre o mundo tem seus altos e baixos. A mesma mão que acalenta pode se tornar violenta. Mas é uma questão de descobrimento, ela também não sabe ainda a diferença entre ferir e acarinhar. Vai descobrir pela reação das pessoas.
Também é bonita a confidência de quem descobre que vai gerar uma nova vida. O encanto salta pelos olhos e se esparrama por uma barriga que vai ficando cada vez maior. Não existem palavras que descrevam a doçura de uma mãe que, mesmo sabendo das dores do parto, sabe que vai ter nos braços uma criatura frágil e absolutamente dependente por um longo tempo.
Mas como disse uma amiga: é preciso curtir cada um destes momentos, desde que são gerados até que batam asas. Porque fica, na memória afetiva, o que formos vivendo desde a primeira palavra, o primeiro tombo de bicicleta, a primeira lágrima por uma perda e a descoberta de que a vida, realmente, surpreende.
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