segunda-feira, 14 de março de 2011

Boa-noite, pai.

Pela manhã, rumo: Santa Casa, ala São Francisco, quarto 207. Missão: acompanhar meu pai. Depois de um câncer que lhe retirou de circulação um pulmão, quase sempre há uma possibilidade de uma infecção, ou de uma insuficiência respiratória.
Brincamos muito durante o período em que fez radioterapia, pois havia muita medicação, em diversos horários. Uma delas: eu controlava os horários. Então, cada vez que eu abria a porta da minha casa, na parte de cima, ele abria a boca na casa deles na parte de baixo!
Mesmo com crises na madrugada, sempre mantém um bom astral, que faz os médicos, enfermeiros e atendentes se surpreenderem: uma brincadeira, elogiar alguém, uma observação espirituosa, ouvir suas músicas na rádio Alegria, ou apenas aquela sensação de que não tem contas a acertar e tem a tranquilidade de quem viveu bem seus 85 anos.
Não sei se viverei 85 anos, mas levo como exemplo aqueles que acompanho, pois gostaria de ter a serenidade de quem viveu dias dificeis, mas que compensou no convívio possível com aqueles que se ama.
Tomar este rumo não é nenhum sacrifício. Mas é matar um tigre todos os dias. Buscando viver com intensidade na luta pela qualidade de vida e pelo direito de hoje, apenas, ganhar mais um beijo de bom-dia ou de boa-noite.

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