quarta-feira, 2 de março de 2011

Uma África para os africanos

Recentemente, três padres africanos de Angola passaram por Pelotas em intercâmbio educacional: Quintino, cursou Jornalismo; Martinho, Serviço Social e mestrado e doutorado em Educação; e está entre nós o Augusto, fazendo Jornalismo.
Quando falávamos em organização social, sempre me ficou presente a referência que fazem às tribos de onde são oriundos, que detêm um certo estilo de vida, com seus princípios e referências.
A organização de estado como nós entendemos foi colocada garganta a baixo pelos colonizadores europeus, que descartaram a sua organização social e obrigaram-nos a viver ao estilo ocidental. Típico do que fizemos com os negros no Brasil, com a religião, num sincretismo onde “revestiram” os Orixás com os santos da Igreja Católica.
No caso da Líbia, é algo parecido. Por detrás do movimento para destituir Kadhafi (que faz questão de dizer que pertence a uma das tribos de seu país), estão presentes valores sociais africanos, assim como de valores religiosos. De outro lado, a presença dos Estados Unidos não significa a virtuosidade de quem está defendendo direitos humanos ou sociais: apenas o desejo de que o fluxo de petróleo não seja interrompido e que não se torne ainda mais difícil os trâmites da economia em nível internacional.
"Gato escaldado tem medo de água fria", diz o ditado. Os americanos têm medo que as crises de identidade dos países africanos atrapalhem seus planos de consolidar as economias do primeiro mundo, depois que elas andaram beirando o fundo do poço.
O melhor seria que, primeiro, estudássemos as culturas e convivêssemos com quem pode falar com autoridade a respeito. O conhecimento enciclopédico não é suficiente. Até mesmo os meios de comunicação vão atrás da notícia - preferencialmente a mais espetacular - e tem incorrido em graves erros. A África vive um momento triste pela fome e pela peste de grande parte do continente. Ali está um povo que merece reconquistar a alegria, na sensualidade de suas danças, na capacidade de festa de suas tribos e no olhar de suas crianças que também tem direito a um futuro feliz.

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