Envelhecer é o tempo em que
As memórias revisitam o passado,
Especialmente, quando preparavas
As folhas secas para a infusão de um chá.
O ritual de reunir plantas ou ervas
Fazia a existência não se importar em esperar.
Desde o momento em que a água estivesse no ponto
E a paciência para imergi-las, ainda borbulhante,
Mexendo com a leveza de uma bênção
E abafando, como quem preserva o Sagrado...
Aguardar pelo tempo que o relógio não marca,
Pleno da intuição do momento,
Onde apenas o sentimento trama os minutos e as horas.
Ao levantares a tampa do bule aloçado,
O aroma emerge, penetrando por todos os sentidos.
Cumpre-se a solenidade em que as mãos postas
Oferecem aos céus a xícara em que depositas
O líquido precioso com o qual partilhas a vida.
Um dia, quando o chá aquecer as lembranças,
Sentarei na cadeira que embala meus sonhos,
Repousando meu corpo no aguardo.
Ao sorver goles de encantamento,
Com as mãos aquecidas em torno da louça,
Revivo momentos em que esperei por ti
Para compartilhar doces afetos, doces lembranças.
Tomando chá… ou, quem sabe, um café,
Fumegante com o perfume da saudade!
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