sexta-feira, 30 de maio de 2025

Alguém para se tornar um lar

 Sexta com gosto de poesia:


Não se esquecem bons momentos.

Adormecem em um recanto da memória

E, passado algum tempo, despertam,

Se espreguiçam e emergem diante de nossos olhos.

À procura de coisas aparentemente banais:

O lugar de sentar à mesa,

O cafezinho sorvido no recanto da cozinha,

Andar por lugares que criaram hábitos e costumes.

 

As lembranças andam por vias tortuosas

Deixando o sentimento de que,

Por algum motivo, ficaram incompletas.

Na banalidade em que se transforma o existir,

Nas rotinas em que não se valoriza o presente,

O passado tem gosto do que não se viveu plenamente.

Ainda havia algo a ser feito e não se conseguiu forças

Para compartilhar com quem se amou.

 

Felicidade é a busca por preencher lacunas.

Costurar os lugares em que a dor penetrou,

Uma limpeza de tudo o que se acumulou.

Ambicionar reviver momentos felizes e

Ao esquecer de onde é a própria casa,

Precisar de alguém para se tornar um lar.

Prender a felicidade antes que esvaneça.

Ao desaparecer o que dá brilho aos olhos,

Evapora-se o que dá rumo à própria vida…


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