Quando as ondas do mar batem na praia,
Ouve-se o grito desesperado
De alguém que procura afugentar a agonia.
O desabafo em que a voz
Se sobrepõe à rebentação.
Transpira tristezas.
Embebedando os sentidos,
Brada um nome, uma vontade, um desejo…
O derradeiro lugar de um náufrago,
Quando a vida escorre pelas
Poças que atrasam o refluxo na areia.
Abandona a esperança que flutua nas ondas
E alquebra as certezas de encontro à rocha,
Clamando por um lugar que já não existe mais.
No sopé da montanha,
Onde o mar ruge junto à encosta,
Os sons se misturam com
Um grito jogado ao mar.
Ali, onde o oceano não precisa de raízes
Para guardar memórias,
No coração das águas em que
Se abrigam segredos e confidências…
O mar não conta as vezes que ouviu
Um soluço ou um desabafo.
As lágrimas que borbulham nas ondas
Têm o gosto salgado da solidão e do abandono.
O tempo passado rouba
o murmúrio do quebrar das águas,
Deixando em seu lugar o desafio da imensidão.
Tempo de aceitar a solidão,
quando o mar desgrenha o cabelo e
Libera o brado sufocado no peito.
A orla das ondas faz-se refúgio e
Um lugar sagrado.
Desnudados e aspergidos pela maré,
Liberta-se das garras do quotidiano,
O casulo que impede de desabrochar.
Por sobre as águas serenas do amanhecer,
A espera que o breu da noite
Esteja grávido de uma nova alvorada…
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