Tem um lugar em que se passa um longo tempo
Ansiando em partir em busca de novos rumos.
Depois, o sonho e a luta por uma volta quase impossível.
Ali, onde não se conceituam sentimentos,
Inclusive a felicidade,
Porém, se passa uma vida inteira lembrando:
A casa onde ficaram os rastros de uma família.
Num conjunto de imperfeições,
Sem que se perceba, transforma-se em lar,
Ao guardar histórias de cada um de nós.
Nas memórias, juntam-se
Desde as roupa que ficaram esquecidas na corda,
As vozes que se espalhavam pela casa
Ou ecos das lembranças reverberando pelos cantos,
A televisão ainda ligada na sala,
A comida na mesa com o tempero das lembranças...
Passam diante dos olhos
O lugar ao sol no pátio,
Onde se inventavam desculpas para ficar juntos.
A espera pelo horário
Em que cada um batia a porta e chegava em casa.
Aconchegar-se no sofá,
Buscando um espaço para ronronar,
Com o sentimento de que ali era o meu lugar.
Quando as lágrimas apertam os olhos,
Entristece pensar
Na falta das eternas brigas pelas portas abertas,
A roupa espalhada pelo chão,
O som no quarto abafando os demais,
Os pratos na pia esperando por ser lavados...
A casa sempre foi o lugar do colo,
Em qualquer idade, em qualquer situação,
Onde se aprende a respeitar espaços.
Por motivos que, depois, pareceram bobos como
As brigas e os gritos exagerados e
Os olhares arrependidos em busca de perdão.
Os primeiros passos… para andar e para viver!
A sensação de que não importava definir sentimentos,
Pois todos eles se fundiam
No cadinho que se chama lar.
Onde ficam os rastros de família,
Impregnados no gosto agridoce
Que se prende ao céu da boca.
Sem permitir esquecer,
Na impossibilidade de reviver.
A Eternidade é o tempo em que se volta para casa.
Um suspiro e a necessidade de tocar a vida,
Com a sensação de que um cantinho da alma
Ficou pelo caminho.
Refém do que foi único
(Embora então não se soubesse),
Restando a contínua busca por revisitar
O passado que guarda o gosto de saudade…
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