Do perfume da acácia.
Ele dá as primeiras notícias
De que a Primavera desperta.
Por estradas e campos, ao longe,
Numa colina ou nas entranhas de um vale,
Uma árvore acena com a fragrância marcante
E o anúncio de que surge a nova estação.
Posso andar pelo lusco-fusco da tarde
Para sentir que o manacá da serra deixou inerte
Seus botões durante todo o inverno
Esperando o tempo de explodir a sua primeira florada.
Os primeiros brotos das folhas precedem
O surgimento de novos galhos, folhas e flores
Anunciando o despertar de luzes e cores.
Posso me confundir com muitos outros aromas,
Mas sempre tem um cantinho de Deus
Onde um perfume exala a vida.
Desperta as energias do meu corpo que,
Mais leve e com mais disposição,
Livra-se de todo o supérfluo
Para usufruir do direito de reivindicar
O perfume que entranha o âmago da existência.
Posso estar alquebrado e cansado,
Mas preciso dançar no despertar dos sentidos.
É como tecer uma prece invisível
Impregnada de odores e sabores...
Cada semente, cada enxerto, cada muda
Traz em si um germe de felicidade
Na espantosa beleza que explode da vida e do mundo.
Posso estar mergulhado no mais absoluto silêncio
Que meu coração diz que chegou
o tempo das canções e de dançar,
De alongar olhares por sobre
Os primeiros raios no horizonte,
Ou perder-se naqueles que despedem a tarde.
Dos pássaros que despertam com a aurora
E os que se recolhem no ocaso.
Primavere-se!
Com todos os sentidos que o teu corpo alcança
E aqueles que teu Espírito intui.
Não são apenas indícios de tempos diferentes,
Mas a possibilidade de retomar, de renascer.
Torne-se a semente que, doloridamente,
Imerge em direção à luz.
Na certeza de que, transformada em fruto ou em flor,
Alcança a perenidade de viver apenas uma Primavera!
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