Tenho boas memórias do tempo de formação no Seminário. Chegando a Primavera, quase sempre se fazia um passeio até a praia do Laranjal. Havia duas alternativas, com a participação do padre Guerino, que dirigia a nossa kombi: se ficássemos mais tempo, os caminhos levavam à casa das Irmãs Franciscanas. Se fosse para tirar um dia apenas, no mesmo corredor, cruzávamos a casa, assim como o Carmelo, e pegávamos o rumo de uma figueira frondosa, numa baixada, a cerca de 100 metros da Lagoa dos Patos.
Meu preferido sempre foi a casa das religiosas (hoje
remodelada, como centro de formação). Na época, década de 70, tinha uma
comunidade que lá residia num ambiente bem rural. Nossa chegada sempre era em
busca da irmã Zilá, que cuidava dos animais e das plantações. Em muitas ocasiões,
onde hoje se encontra a Capela e um salão para encontros, e havia uma vasta
plantação de milho, a encontrávamos e já nos colocava no serviço, auxiliando
nas lides domésticas e pequenas atividades da lavoura.
Conheci a Vila Betânia, em Porto Alegre, já na
faculdade. Lá fiz curso da pastoral da comunicação, com monsenhor Augusto
Dalvit, padre Atílio Hartmann e frei Renato Zanolla, os “top” na comunicação da
Igreja Católica no Estado, assim como tive como professores alguns dos maiores profissionais
desta área na capital. Em “internato”, cerca de 20 jovens faziam uma formação
intensiva aproveitando os meios de comunicação da instituição, como a Rádio e
TV Difusora (hoje BandTV), para um processo de imersão.
A casa ficava numa região em meio à mata, próxima ao
Hospital da Divina Providência e da Gruta da Glória, onde encontrei duas
religiosas especiais: as irmãs Terezinha e Neli (da Divina Providência). Numa
ocasião, depois de assaltado, me “adotaram” e providenciaram para não desistir
de um curso. Voltava seguidamente para eventos ali mesmo ou em Porto Alegre, já
como “sócio”, auxiliando na cozinha e atendimento, com fins de semana de jogos
no Beira Rio ou passeios pelo Seminário de Viamão.
No Seminário Diocesano, as irmãs Maria da Paz e
Leonida (Congregação de Notre Dame) referenciaram valores religiosos e presença
feminina. Em tempo de dificuldades financeiras, não perdiam o bom humor,
iniciando o trabalho às 5h30m e encerrando depois do jantar. Já na faculdade, com
frio ou tempo chuvoso, chegar em casa era encontrar uma pequena taça de licor.
E o sábado iniciava com outro sabor quando nos convidavam para celebrar a
Eucaristia com elas e o padre Olavo na sua pequena capela.
Para fazer justiça, deveria citar outros nomes de homens
e mulheres religiosas que marcaram minha vida. Hoje, já não conheço muitas
daquelas que atuam em Pelotas ou região. Uma grande parte das que conheci já
faleceu. Trago-as na lembrança com carinho. São – e foram - mulheres fortes e
obreiras por uma causa, na educação, saúde, assistência social, serviços e administração
de casas... Num tempo em que diminuíram as vocações, a sua simples presença é
um sinal de fé: um carinho e um afago de Deus!
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