Éramos jovens, muito jovens, na década de 70, e o ponto de encontro era o “salãozinho” do Grupo em Busca de um Novo Sol (os GEBUNS), nos fundos da igreja de Santa Teresinha. Fins de semana em que não se tinha os “bailinhos”, ou praticamente todas as noites de férias escolares, especialmente do verão, as reuniões aconteciam para jogar ping-pong, conversar, juntar os violões da Lucinha, Hilda e o Toninho e cantar músicas religiosas, mas também vasculhar a memória afetiva e os sucessos dos bons tempos...
Quando criança, uma vez por semana, o pai fechava o
armazém mais cedo, reunia a família, acendia um lampião e partíamos para um
vizinho. Ouvia-se, nos programas de rádio, desde música gauchesca até a jovem
guarda, que aparecia no início da década de 60. Sempre lembro da casa do seu
Borges e da dona Eva, onde os homens jogavam carta, as mulheres conversavam e as
crianças brincavam até cansar e dormir, quando eram “aninhadas” numa cama até
voltar para casa, com o próximo carteado marcado.
O professor Jandir conta que os italianos tem o
“filó”, quando um grupo de vizinhos se encontra. O esquema é parecido, com jogos
de cartas para os homens, os “jovenzinhos” se encontram noutra peça em
“namorico”, as mulheres se reúnem na cozinha e as crianças ficam por baixo das
mesas, brincando e ouvindo as conversas dos mais velhos. Cada um compartilhava
da sua dispensa e fazia-se um jantar em que não podia faltar a macarronada e o
galeto. Coroados por copos de vinho e as cantorias da terra de origem.
Na semana passada, a família Osório deu continuidade à
proposta de todas as últimas quartas do mês fazermos uma live do programa
Partilhando em forma de serenata. Muitos integrantes do que chamamos de família
Partilhando alertaram para o fato de que, para além da beleza das músicas e das
vozes, havia um reencontro de quem partilha uma vivência e uma história. Era,
através das redes sociais, uma roda de conversa em que se demonstra carinho
pelos “artistas”, mas também se faz um bom encontro.
Uma roda de conversa. Parece ser uma necessidade que
ainda hoje se tem, mesmo com as dificuldades apresentadas pela pandemia, que já
foi precedida por muitos problemas de interação. Os lugares do entretenimento e
da comida são fundantes para auxiliar nas relações sociais e religiosas. O
“ágape” e o “ludus”, que perpassaram muitas lembranças carinhosas, como a dos
italianos que já enterraram aqueles que cruzaram os oceanos, mas nos brindam
com a mesa farta e seus costumes, em grupos ou através do turismo.
Para muito - incluindo idosos e doentes - as redes
sociais são os espaços possíveis. Foi o
que fez o professor Lupi ao propor a roda de conversas chamada Partilhando.
Somam-se a Bela e o Luiz que aceitaram o desafio de todos os meses ter nova
família cantante, na Serenata. Além dos convidados especiais e a professora
Tininha, com a proposta de que se entenda a Liturgia, não apenas como saber
teórico, mas para viver melhor o sentido da fé cristã-católica. Uma forma de
encontro e de boa conversa. É o que sabemos fazer de melhor, “com gosto de
viver Igreja!”
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