Pelos próximos dias vamos ouvir muito a respeito de uma das instituições mais sólidas da História: a da família real Britânica. A morte da rainha Elizabeth (com mais de 70 anos à frente da corte e 96 de idade), mesmo esperada comove o Reino Unido e a comunidade internacional. Quando se discute a preservação de figuras como reis e rainhas, a Inglaterra institucionalizou a família real como uma marca poderosa, política e economicamente, que a transformou em uma das mulheres mais ricas do Mundo.
O palácio de Buckingham é referência cultural no país
e também no cenário mundial, atraindo os olhares de turistas e curiosos. Tendo
que lidar com os escândalos que envolveram sua família, a soberana ainda era governante
suprema da Igreja da Inglaterra e comandante suprema das Forças Armadas. Seu
título mais importante, óbvio, era o de rainha do Reino Unido e de mais 14
estados independentes - os Reinos da Comunidade das Nações – iniciado em 1952
até sua morte na semana passada.
Quem já frequentou alguma das cerimônias - como a
troca da guarda, por exemplo - diz que é um ritual impecável, acompanhado por
súditos e turistas como se estivessem numa celebração. E é exatamente este
fluxo de interessados que alimenta as contas da realeza, somando-se aos
inúmeros negócios que levam a grife da coroa britânica. Em qualquer lugar do
mundo, se alguém ou uma empresa pensar em utilizar da simbologia real para um
produto ou serviço precisa ser licenciado e, claro, recolher o seu “tributo”.
Quem assistiu a série The Crown (a Coroa), uma crônica
da vida da rainha Elizabeth II, desde os anos 1940 até recentemente,
testemunhou fatos históricos se misturando com a ficção. Este período longo
teve tudo o que se poderia imaginar de um bom folhetim: intrigas pessoais,
romances e rivalidades políticas que, de alguma forma, fizeram parte do que
moldou o século XX, sem que a soberana perdesse a sua fleuma. Era a referência
familiar, assim como agiu nos bastidores para ser a referência política em seu
reino.
Analista, falando do recente Sete de Setembro, disse que naquele momento
havia um “projeto" de nação. Que projeto se tem para o Brasil? Especialmente
quando se sabe que, até o último fim de semana, campanhas eleitorais gastaram
mais de três bilhões de reais (dados do TSE), tirados de onde? Contrapondo com
os gastos da realeza britânica que se sustenta pela própria “marca” ou seus
investimentos. Diferente do Brasil, onde se acredita que “alguns” podem sugar
recursos públicos para benefício próprio.
A instituição realeza britânica é a carruagem dos sonhos e negócios de quem
tem noção do quanto a economia tem que estar em consonância com o que se espera
das figuras públicas. O resultado de um projeto de educação cidadã, onde tudo
aquilo que se refere à nação e ao país tem respeito e credibilidade. É uma longa
história para reverter a desconfiança que, infelizmente, o brasileiro tem com as
suas instituições. O primeiro passo, certamente, pode ser dado nas eleições do dia
2 de outubro...
Um comentário:
Parabéns pelas excelentes colocações! Muito bem fundamentadas elas retratam duas realidades tão diferentes quanto distantes. Quiçá dia possamos ter uma realidade próxima da britânica.
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