Para quem esperava que a proximidade das eleições (estamos a menos de um mês do primeiro turno) aumentasse o interesse popular pela escolha do presidente, governador, senador, deputado federal e estadual, o que se vê é o mesmo das outras eleições, ou seja, a apatia. Para confirmar, semana passada, pesquisas demonstravam que 60 % dos gaúchos ainda não escolheu seu candidato ao governo e mais de 70% não tem definido seu voto para senador. Sequer debates e entrevistas conseguiram despertar a atenção.
O início da propaganda eleitoral nos meios de
comunicação merece, sim, ginástica para o cidadão fugir às inserções dos
programas de 25 minutos, assim como institucionais que entram em meio à
programação. Raros aqueles que dizem ouvir, uma vez ou outra, o que os
candidatos têm a dizer. Por motivo simples: é a repetição do mesmo. Se forem
recuperadas campanhas de quatro, oito, 12 anos atrás, vai-se perceber que as
promessas são as mesmas, muitas vezes feitas pelos mesmos que apostam na pouca
memória do eleitor.
No entanto, no meio do caminho, até as eleições, tem o
Sete de Setembro... Se fosse adepto da teoria da conspiração, diria: “cuidado”.
São muitas as águas turvas que cruzam por baixo da ponte da Democracia. O
problema é que, entre insinuações e boatos, parte da população preocupa-se com
o que pode acontecer. Até com uma ruptura institucional. Não creio. Como já
aconteceu em outras ocasiões em que se disse que “o país não vai aguentar!” e o
país aguentou, agora também, é muito rosnado e pouca mordida...
Amigos e conhecidos perguntam se acompanhei tal debate
ou entrevista de candidatos. Digo que não. Quando muito, depois, assisto “os
melhores lances” em diversos meios de comunicação. Mas, como sei que vai ser
mais do mesmo, não tenho paciência. Para quem classifica de “alienado político”
aqueles que não se interessam pela propaganda eleitoral, simplesmente retruco
que o brasileiro precisaria de uma educação política que não vejo as elites
sociais, econômicas e políticas interessadas em despertar.
Para que isto aconteça é preciso deixar claro que as
categorias da administração pública – em todas as instâncias – não prestam
favores à população, mas devem devolver em serviços os impostos que lhes são retirados.
Quem vende a ideia de que “facilitam” ou lhes trazem “benefícios” apostam no
clientelismo, transformam-se em despachantes de luxo. O “toma lá, dá cá” já
causou muitos problemas nas relações, inclusive com instituições, até
religiosas, que perderam a identidade em troca de um prato de lentilhas.
Como já foi dito: “as eleições deveriam ser a grande
festa da Democracia”. Boa parcela dos brasileiros já esteve às portas desta
“festa” e foi avisada de que não tinha convite. Tristemente, a pandemia não só
acirrou os problemas sociais como aumentou o fosso entre aqueles que se
beneficiam da máquina pública e quem vive na penúria e com as sobras do que cai
de suas mesas. Um cidadão que silencia, não significa que seja alguém
desatento. O voto é secreto e, por que não: surpresas podem acontecer...
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