sexta-feira, 1 de abril de 2022

O gosto pelo ritmo da vida

Preciso fechar os olhos para escutar melhor.


É quando o silêncio encosta janelas e acalma meu coração.

Descanso na dolência do tic tac de um relógio

e no balanço da cadeira que acomoda meu corpo...


Cumprido o ritual, é então que ouço música!


Não sei de onde vem, quem toca,

ou sussurra ao meu ouvido.

As vozes soam harmoniosas,

dispensam afinação,

surpreendem sem serem intensas ou estridentes...

Apenas e tão somente

emocionam, embalam, acarinham.


Tem uma música no ar:

a sua música,

a minha música,

a nossa música,

a daqueles que já não conseguem ouvir os acordes

somente sentidos quando se tem no corpo as marcas das

muitas e sofridas andanças.


Acordes que pulsam no jeito fluido da existência,

as notas que desnudam o passado

e propiciam o reencontro com fantasmas

que espreitam dos recônditos da alma.


Ouço a música que embala meus devaneios.

Uma mistura das muitas que ouvi

e agitaram a minha imaginação...


Voltar é o momento em que descerro os olhos

para o tempo presente...


O agora, precioso, no despertar de um encanto.

A magia propagada na cadência da própria história,

permeando o sentido das minhas saudades,

acalentando meus sonhos,

não permitindo que esqueça o gosto pelo ritmo da vida.

Valeu a pena e, com as marcas e as dores pelo corpo,

já não há sentido em desistir!

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