Foi do que lembrei ao ouvir o depoimento do epidemiologista Pedro Hallal, que, só para constar, tem graduação em Educação Física, mestrado e doutorado em Epidemiologia, por uma universidade pública, a Federal de Pelotas. De uma nova leva de pesquisadores, não tem dificuldades e encadeia argumentos de forma lógica e didática. Confirmou dados divulgados e foi honesto em reconhecer o que não sabia. Disse o que é constatação técnica: pesquisadores sinalizaram em alerta e o governo brasileiro errou na forma como conduziu a prevenção e o tratamento da pandemia.
Na última quarta-feira (23), o coordenador internacional da Pastoral da Criança e referência nacional para a área, Nelson Arns Neumann, esteve na live Partilhando, da Arquidiocese de Pelotas, e foi categórico: por onde andou, no Mundo, as pesquisas na área da epidemiologia da Federal de Pelotas são referência para estudos e posturas públicas. Para que não restem dúvidas, Nelson se formou em Medicina, fez seu mestrado em Epidemiologia e doutorado em Saúde Pública, já tendo atuado como médico e missionário leigo na diocese de Bacabal, no Maranhão.
Muitos pontos podem ser destacados do depoimento prestado à CPI, mas, confesso, um detalhe me incomodava e Pedro usou uma figura apropriada para esclarecer: aqueles que preferem valorizar a estatística dos recuperados (não curados, porque ainda não se tem certeza de que sequelas ficarão), em detrimento das mortes. Como assim? o sistema de saúde tem a obrigação de tratar e recuperar pacientes e evitar, ao máximo possível, as mortes. Neste caso, de fato, minimizar perdas e valorizar “curas” é comemorar gol a favor, quando já se levou mais sete. E que, num país com tantos problemas, precisaríamos de lideranças mais fortes e medidas enérgicas para evitar o pior...
Não conheço o professor Pedro Hallal, pessoalmente, mas faz política e das boas, a que se preocupa com pessoas, cuidando, especialmente, de quem mais precisa. Seu trabalho me representa e grande parcela da população que está aturdida com tantas informações desencontradas e gente amarga que destila veneno, criando supostos “inimigos” até naqueles que buscam melhorar as condições de vida de todos nós. De um jeito ou outro, vai passar. A ciência vai ajudar a minimizar as perdas. A noite escura da ignorância precisa ser vencida pela informação e pela esperança. A marca de mais de 500 mil mortes não pode ser a lápide que sepulta a nossa própria consciência de viver em sociedade!
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