domingo, 4 de julho de 2021

A coragem de enfrentar o frio

Vamos combinar: São Pedro mudou os móveis na sala e não avisou pra ninguém. Então, quando a gente entra, à noite, no escuro, é muito provável que vá dar um bico em alguma mesa, cadeira, armário… Vai dizer que você já não se sentiu assim ao sair de casa ou, no final da tarde, quando volta, pensar que fez uma previsão errada e botou roupa de mais… ou de menos! Se foi demais, tem o já costumeiro efeito cebola – a gente retira camadas – mas, se foi de menos e o frio começa a bater no anoitecer, o jeito é se encolher e rezar para chegar em casa o mais rápido possível.

Pela manhã, é um problema. Ouvir ou assistir algum programa de rádio ou televisão que dê a temperatura e a previsão do tempo. Se, como eu, vai ficar em casa, estabelecer uma rotina que tem o levantar, o café, arrumar a casa, fazer alguns exercícios e… tomar banho! O maior de todos os exercícios – e sacrifício, porque a gente salta mais fugindo dos pingos frios do que dos boletos que se acumulam para pagar no início de cada mês. Liga o chuveiro, experimenta a água e dá uns pulinhos pra “esquentar”! O bom é entrar rápido para baixo, mas e cadê a coragem?

Depois é escolher as roupas. Literalmente, é a vez de armar as camadas. O frio dos últimos dias exigia que, mesmo dentro de casa, iniciasse por uma camiseta térmica, cuecão e meias de lã; depois, a segunda camada: um abrigo e uma camiseta comum. Fechando com um blusão de lã. Tudo posto, deixar um casaco de sobreaviso para as necessidades de sair à rua. Trocando as pantufas (estas companheiras que me afastam da possibilidade de ser um “pé frio”) por um calçado fechado e capaz de manter o conforto e o calor porque, na rua, “encana” o vento e nem reza forte salva o vivente!

Não me animo a dar minha opinião entre o frio e o calor. O primeiro tem seu charme, também problemas sociais enfrentados por quem trabalha ou, por necessidade, está nas ruas. O segundo, beneficia quem usufrui de férias e viagens, mas torna mais estafante quem não consegue fugir do trabalho nosso de cada dia. Sou mais das temperaturas amenas da primavera e do início do outono. Os extremos são uma tentação para se esquecer a rua e aproveitar os benefícios de uma boa sombra ou do aquecimento dos aparelhos e, aí, um outro problema: e a conta da luz?

E tem a “friaca”, quando o frio se mistura com a umidade. Teve um dia da semana passada que foi exatamente assim: um tempinho bem “Pelotas” onde a proximidade com a lagoa e outros pontos de água dão a alguns momentos no início do dia - com a serração fechada - uma visão que oculta os pontos mais distantes e faz a gente se retrair ainda mais nas ruas. A mistura potencializa a sensação de que só se encolhendo para resistir e, aí, fica-se com a impressão de que todos os ossos foram moídos e se precisa de um bom chimarrão, chá ou café bem quente para sobreviver.

Sempre achei exagerado quando alguém reforçava o guarda-roupa com luvas, toucas, capuz e mantas. Este ano, desisti da minha “coragem” de enfrentar o frio. Iniciei usando o capuz de um casaco. Gostei e fui em busca de uma touca e, já que estava na loja, comprei luvas para os momentos de leitura. Podem rir: eu aparentava alguns quilos a mais e movimentos bem mais lentos… mas, em compensação, estava bem mais quentinho. Então, o resto… é espiar a rua, esperar o inverno passar e lembrar que, logo, logo, a primavera traz ares bem mais amenos e uma nova disposição!

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