Não é preciso ser economista para saber que uma das consequências da pandemia vai ser o agravamento da crise social. Especialistas anunciam que uma terceira onda se aproxima (se é que de fato já não está acontecendo), mas parte da população entrou em processo de letargia e não reage, pensando em se prevenir e evitar problemas maiores. Porém, se envolve na dicotomia de que deve estar ao lado de um ou outro líder político, que faz do coronavírus cavalo de batalha, acentuando erros alheios, e, especialmente, embotando números que, por si só, deveriam ser escandalosos.
O mais recente levantamento da área do emprego feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que 14,7% da população - pode-se arredondar para 15%, em função da subnotificação - está desempregada. Um recorde da série histórica iniciada em 2012. Acarretando em diminuição do poder aquisitivo do brasileiro, que tem como consequência, além da queda da capacidade de consumo próprio e da família, a diminuição da circulação de dinheiro no país.
Como se isto já não fosse ruim, uma leitura mais apurada dos números mostra que a crise feriu de morte a população jovem do Brasil. Nesta faixa, o número de desempregados subiu para 27,2%, no final de 2020. Dois anos antes, mais de 1,76 milhões jovens havia perdido o emprego. Sem contar aqueles que acabaram seus cursos ou sentiram a necessidade de auxiliar na formação do orçamento familiar e partiram para o mercado, percorrendo filas de seleção de emprego em vão.
O IBGE ainda flagrou um terceiro grupo realmente preocupante: o dos desalentados, aqueles que, apesar de terem condições de trabalhar - e interesse - desanimaram diante de portas fechadas e decidiram ficar em casa ou vagando à toa. Os números gritam, mas possivelmente sejam maiores que as estatísticas: cerca de 5 milhões de pessoas, nesta situação. Os registros cresceram com a recessão (2014/2016), havendo sinais de retomada em 2019, quando a pandemia se instalou…
Seguidamente, os meios de comunicação chamam analistas para entender o que está acontecendo. Dão como causa a diminuição da circulação de capital - consumo e produção; a substituição das pessoas por máquinas e a baixa capacitação da população mais pobre, por não ter acesso a uma educação de qualidade. A sofisticação do processo tecnológico não acompanhou a preparação para que a mão de obra se especializasse e migrasse, ocupando novos nichos no mercado.
Filas nas portas das empresas, agências com maior procura do que oferta de empregos; pessoas circulando com pastas de currículo embaixo do braço… O Brasil enfrenta problemas na saúde e vê sua gente perder a esperança… O desemprego é a ponta de um iceberg onde também estão a educação e a violência. A crise é de competência, sinalizando a necessidade do cidadão se qualificar e cobrar de sua representação ousadia e honestidade. Momento em que, no dizer de Júlio César, se “separam os homens (maturidade política) dos meninos (as birras e os confrontos desnecessários)”.
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