domingo, 27 de junho de 2021

No plural: vão fazer falta!

Foi uma semana pesada em que figuras conhecidas com as quais muitos conviveram, direta ou indiretamente, partiram das nossas vidas, algumas sem a chance de se despedir... A idade, a pandemia e a “doença ruim” (o câncer, como diziam meus pais), foram marcando aqueles que seguem mais cedo e vai ficando o sentimento de que, pelos mais variados motivos, deixam um vazio. Já resmunguei que uma frase que está se tornando costumeira nos meus textos é “vai fazer falta”. Pois chegou um tempo em que não está mais no singular, mas preciso declinar no plural.

Padre Léo Poersch morou no Seminário. Foi capelão do quartel, professor universitário e atendeu no Asilo de Mendigos. Na casa dos 80 anos, precisou de assistência, que não lhe faltou no apoio do José Inácio e da Sandra, junto com a família. Em duas ocasiões, com o Paulo Sérgio Moreira, jantamos na casa e pude visitá-lo, já sem mobilidade e com pouca percepção de quem estava ao seu redor. Eu atendia a mãe e senti, no jeito como o tratavam, que não errara ao pensar que um idoso precisa de referências quando chega ao fim da vida… uma delas, a própria família.

Gilmar Moscarelli Levien era um dos filhos (creio que eram 11) do seu Ivo e da dona Maria. No Seminário, conheci o Carlos, meu afilhado de Crisma, e o Mathias. Depois, no Grupo de Jovens da Santa Teresinha, a Margarida. Por fim, fui colega da Mônica, no curso de Teologia. O coronavírus levou um líder no setor empresarial, que era sócio-administrador na gráfica Sem Rival. Fiquei sabendo que também transitava pela benemerência, caso da escola para deficientes visuais Louis Braille. E tinha uma grande virtude: era torcedor do Esporte Clube Pelotas!

O Paulo Nogueira foi vítima desta pandemia que leva muitos dos nossos valores. Narrador esportivo, estive mais próximo dele quando cursou Jornalismo, na Escola de Comunicação. Atento, brincalhão, voz alta, sempre cercado por rapazes que o viam como referência do jornalismo prático. Ainda representava um tempo em que os profissionais do rádio tinham a preocupação de servirem como os “olhos” dos ouvintes à beira do campo. Ágil e criativo, foi desfilando bordões impossíveis de serem esquecidos e que permanecerão por muito tempo no imaginário popular…

Adelvar, ah, o Aldevar. Um dos caras mais “chatos” que conheci! Éramos dois “chatos”, agora restou um... Mas era dos “chatos” diferentes. Persistente, não tinha medo de defender aquilo em que acreditava e empilhava argumentos. Os convites para conversar no Movimento Familiar Cristão, comentários das atividades que eu fazia, ou, simplesmente, uma chamada para se conversar e trocar ideias, especialmente, sobre coisas de igreja. Papo longo, sempre interessante, que, eu creio, a Ana, sua esposa, já devia saber: os dois “chatos” estavam reunidos de novo!

Ancião e família, que encontra espaço vazio em suas vidas; companheiro de atividades sociais, irmão, esposo, pai, empresário; a voz inconfundível que silenciou; Líder em que o corpo definhou, não o espírito e o carinho pelos seus e a sua igreja. O Mundo vai ficando mais vazio de quem fez história conosco. Envelhecer e amadurecer não têm o mesmo sentido, mas o tempo entalha no coração a certeza de que a passagem pela vida é aprendizado. Um portal por onde se anda acompanhado, apenas de lembranças: as que se leva e as que ficam em quem um dia compartilhou do nosso amor...

Um comentário:

Martinho Lenz disse...

P. Leo Pwrsch. Paulo Nogueira e Aldevar Araújo, três figuras marcantes pela riqueza de seus dons partilhados. Já estão fazendo falta Manoel!