quinta-feira, 15 de abril de 2021

55 Dia Mundial das Comunicações Sociais

 Pastoral da Comunicação Arquidiocesana de Pelotas

Pastoral de Comunicação do Estado do RS, dioceses de Bagé, Rio Grande, Universidade Católica e Livraria Santa Rita

15 de abril 2021 – live pelo Facebook da Arquidiocese de Pelotas



Preparação para o Dia Mundial das Comunicações Sociais


Manoel Jesus – Educador, palestrante, articulista.

Fone/whatsapp – 053 – 981207036

E-mail: manoeljss21@gmail.com


Quando a Pastoral de Comunicação da Arquidiocese decidiu por uma formação sobre a mensagem do papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais – 16 de maio – na festa da Ascensão do Senhor, foi combinada a minha presença e de dom Carlos Rômulo, referencial para a comunicação no Estado. Como já havia feito uma apresentação aos bispos do estado, coordenadores de pastoral e da Pascom, ofereci para fazer um resumo do documento, quando foquei o olhar naquele que é responsável por fazer a comunicação – o comunicador. Querendo ou não: aquele que é, por excelência, um formador de opinião.

A Igreja Católica, no Concílio Vaticano II, cunhou a expressão “comunicação social”, em contrapartida ao que era utilizado como “comunicação de massa”. A proposta dos cardeais não era apenas os meios de comunicação, que se popularizavam – jornal, rádio, cinema e televisão, mas as novas mídias e, especialmente, as comunicações feitas dentro da própria Igreja.

Não tenho tempo e espaço aqui para falar de tudo o que aconteceu desde então. Mas é bom se pensar que a sociedade que era rural se tornou urbana. Os meios de comunicação que predominavam – os púlpitos – foram relegados e esquecidos. A Igreja, por dioceses e ordens religiosas, fez grande investimento em comunicação, pena que não teve uma preparação adequada de seus comunicadores, sequer políticas bem definidas quanto ao que fazer com os meios.

Lembrando: comunicação social e comunicação de massa não são sinônimos. A primeira trabalha interação social. A segunda trabalha a influência do comunicador sobre o receptor.



1 Para este ano, o papa Francisco faz a provocação que Jesus fez aos discípulos que reverberaram e atraíram os demais:vem e verás”. Em tempos difíceis que estamos vivendo é preciso comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são”.

2 É um convite e cria uma expectativa. “Vem e verás”. O método de toda a comunicação humana autêntica que perpassa:

- a redação de jornal.

- o mundo da web.

- a pregação da igreja.

- a política.

- a vida social. Em síntese, não escapa nada.

3 As expressões do papa Francisco são muito próximas do dia a dia das pessoas e, quando fala em gastar a sola do sapato, se refere a jornais (não apenas o impresso, mas a comunicação, de uma forma ampla) que se faz por fotocópia, mas também do sermão que pode ser fotocópia.

Da mesma forma que os repórteres dos meios de comunicação podem ter fontes que manipulam, sabe-se que os pregadores podem ter fontes com diversos interesses que gostariam que a Igreja pregasse de uma ou outra maneira. Este é o motivo pelo qual a comunicação precisa ser construída no encontro com as pessoas para procurar histórias ou verificar com os próprios olhos determinadas situações. Vivemos a comodidade de ser expectadores externos, pelas redes sociais, que também podem ajudar no encontro, que, sem elas, muitas vezes não teriam lugar para acontecer.

Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são” é uma leitura atualizada da proposta de uma “Igreja em saída”.



E onde é o lugar do encontro?

A sensibilidade do evangelista João foi trazida pelo papa, em detalhes que lembram de uma crônica, um dos gêneros mais gostosos da literatura. Quase meio século depois, o impacto do convívio – com as falas, gestos, expressões – fez com que o jovem filho do trovão não esquecesse que seu primeiro encontro se deu na hora décima, quatro da tarde. Mas também João fala das lembranças de Filipe: “de Nazaré pode vir alguma coisa boa?” Deve ter havido um sorriso e um olhar indicando para onde deveria ir: “vem e verás!” O mesmo “vem e verás” que deixa Natanael aturdido quando ouve: “antes que Filipe te chamasse, eu te vi debaixo da figueira”. Ou o testemunho de quem foi e viu o que Jesus tinha pra dizer e voltou à samaritana para testemunhar: “já não é pela tua palavra que acreditamos, nós próprios ouvimos”.

4 Claro que a mensagem tem como um dos principais focos os jornalistas, dos quais destaca a coragem, muitas vezes, de mover-se com o desejo de ver, denunciando minorias perseguidas, abusos, injustiças contra pobres, contra a criação e até guerras em lugares esquecidos do Mundo... O filósofo Pierre Bourdieu diz que os jornalistas olham a realidade através de óculos.

?São eles, por exemplo – os jornalistas, diante da ruptura que se faz pelo distanciamento social, hoje, capazes de denunciar, especialmente, a tragédia nos países pobres, mas, também, o fosso que se abre nos países desenvolvidos, onde grupos empobrecidos fazem filas à porta dos centros de Cáritas, em busca de cestas básicas?

O problema é saber que óculos são estes e se, hoje, conseguimos formar ou influenciar jornalistas que olhem as realidades do mundo sob o prisma cristão/católico...



Oportunidades e insídias nas redes sociais

5 Uma realidade que perturba são as oportunidades e insídias nas redes sociais, em especial a manipulação das notícias e das imagens, às vezes por um banal narcisismo – as fake news. Conscientes de que não se pode demonizar um instrumento, mas criar uma maior capacidade de discernimento e um sentido de responsabilidade mais maduros, quando se difunde ou se recebem conteúdos. Trabalhar com a pedagogia de Jesus, onde algumas coisas só se aprendem experimentando. A comunicação que supera as palavras pelo olhar, tom de voz, gestos...

Ter presente que o fascínio de Jesus estava na sua pregação, na convicção e até em seus silêncios. Provando que, nos tempos atuais, existe uma quantidade de eloquências vazias. A proposta de um novo encontro precisa de um “extra” de humanidade que transparecia no que via, no que dizia e nas atitudes. Mesmo antes da pandemia, já se vinha percebendo, no Brasil, que a sociedade estava perdendo a dignidade, o que acarreta a perda do senso moral e ético, como consequência, os valores religiosos.

6 Tendo que conviver e atender quem sofre com a fome, desemprego, insegurança, moradias precárias ou inexistentes, jogam-se as instituições que se sentem responsáveis numa luta difícil de ser vencida. A consequência é que outros valores são colocados socialmente, pela manipulação das mídias e das redes sociais, especialmente pelo entretenimento.

7 A informação que deveria ajudar no processo de formação se transformou em entretenimento… e o entretenimento ajuda na naturalização de processos contrários àquilo que defendem as instituições que são referência para a moral e a ética.

Nos tempos atuais, existe uma quantidade de eloquências vazias. Para preenchê-lo é necessário o silêncio da oração, da reflexão e da meditação.



Preparar o comunicador

8 Ouvi de padres, ministros, diáconos, leigos que fizeram presente Jesus Cristo na vida do povo de Deus por um telefonema regular para os paroquianos, muitas histórias durante esta pandemia. A confissão feita em pátio ou nas entradas de Igrejas. A ministra que pediu a bênção do padre para os pãezinhos que preparou e levou para doentes e idosos que atendia, quando em tempos idos levava a comunhão semanalmente. O padre que fez o “táxi dos velhos” levando, um por um, para a vacina. E as muitas paróquias que fizeram a peregrinação do Santíssimo pelas ruas e vilas fazendo com que as pessoas se sentissem próximas do Senhor.

Mas também tivemos paróquias e comunidades que se contentaram em ser “igreja drive thru” - entrega um produto se o consumidor for até o local buscar... Acreditando ser o suficiente propiciar uma ou outra live que chegasse até as casas.

9 Não resta dúvidas de que é preciso usar os meios de comunicação, lembrando que são exatamente isto: meios. Os documentos da Igreja enfatizam que uma pastoral da comunicação não é apenas mais uma pastoral, mas um serviço que deve estar à disposição das demais pastorais. Seu protagonismo é dos leigos, que precisam ser preparados tanto para o atendimento profissional – relação com os meios de comunicação, atendendo à instituição Igreja – quanto à pastoral da comunicação propriamente dita, que é a preparação de todos os comunicadores que fazem o anúncio da Boa Nova.

Por serviços como comunicador na Liturgia, comunicador na Catequese, comunicador na pastoral da juventude, comunicador na pastoral da acolhida, comunicação na pastoral da sobriedade, comunicador na pastoral da saúde e tantos outras, mas uma, em especial, que veio do encontro estadual, pela Victória: comunicadora missionária...

Então, meus amigos, o grande questionamento para os jornalistas cristãos, em primeiro lugar, e para nós, Igreja, é: o “vem e verás” que também ouvimos de tantas formas continua a fazer com que renovemos a confiança no encontro com Jesus?

10 O desafio do dia a dia passa por atender demandas burocráticas, no entanto, o Senhor desafia para o caminho, para a rua. E, nele, está o povo de Deus, homens e mulheres que precisam de palavras mas, especialmente, que se chegue onde estão e como são. Uma igreja em saída – desafio do papa Francisco – um norte para alicerçar as novas relações sociais.

Não é apenas uma geração que usufrui de benefícios das novas mídias e redes sociais, mas oportunidade de integrar públicos - como grupos de risco e idosos - que foram, gradativamente, afastados e reencontram um lugar para o seu convívio social!



11 Lembrando: comunicação social e comunicação de massa não são sinônimos. A primeira trabalha a interação social. A segunda trabalha com a influência do comunicador sobre o receptor.

Comunicar encontrando as pessoas onde estão e como são” é uma leitura atualizada da proposta de uma “Igreja em saída”.

O problema é saber que óculos são estes e se, hoje, conseguimos formar ou influenciar jornalistas que olhem as realidades do mundo sob o prisma cristão/católico…



12 Nos tempos atuais, existe uma quantidade de eloquências vazias. Para preenchê-lo é necessário o silêncio da oração, da reflexão e da meditação.

Não é apenas uma geração que usufrui de benefícios das novas mídias e redes sociais, mas oportunidade de integrar públicos - como grupos de risco e idosos - que foram, gradativamente, afastados e reencontram um lugar para o seu convívio social!



13 Vale a pena rezar com o papa:

Senhor, ensinai-nos a sair de nós mesmos, e partir à procura da verdade.

Ensinai-nos a ir e ver, ensinai-nos a ouvir, a não cultivar preconceitos, a não tirar conclusões precipitadas.

Ensinai-nos a ir aonde não vai ninguém, a reservar tempo para compreender, a prestar atenção ao essencial, a não nos distrairmos com o supérfluo, a distinguir entre a aparência enganadora e a verdade.

Concedei-nos a graça de reconhecer as vossas moradas no mundo e a honestidade de contar o que vimos.


Amém. Assim Seja!

Nossa Senhora da Comunicação, rogai por todos nós!

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