domingo, 13 de setembro de 2020

Novo normal: "trupicando" na comunicação

A conversa estava indo muito bem, até que a minha amiga esqueceu que estávamos em videoconferência e foi virando o celular... lá pelas tantas, só enxergava o topo da sua cabeça e uma boa parte do teto. O idoso que fazia sinais desesperados reclamava que não conseguia ouvir o que os demais participantes do grupo estavam dizendo... até que se deu conta: não havia ligado o microfone! A comunicação iniciou muito boa, até que a conhecida quis se exibir... resolveu ligar o viva voz do celular e começou aqueles altos e baixos, assim como o som se mostrando truncado!

Até o inicio da pandemia, as redes sociais eram coisas para a gurizada e as atividades a distância engatinhavam. N
o desespero, começaram a aparecer como a salvação da lavoura. Ajudam nas atividades profissionais, com uma significativa parcela de pessoas atuando desde as suas casas; assim como servem de escape para pacientes que estão em isolamento não perderem o vínculo com pessoas mais próximas. E, ainda, aqueles que estão em grupos de risco pensarem duas vezes antes de se exporem nas ruas, quando podem fazer compras, buscar informações sobre atividades de grupos, assim como manter o relacionamento pessoal e familiar.

A comunicação é uma atividade intrínseca ao ser humano. Um dos fatores mais importantes das nossas vidas é a interação com o outro, que somente pode ser feita pela comunicação. Minhas atividades relacionadas a esta área com grupos de formadores de opinião sempre iniciam pelo elementar: o primeiro e maior instrumento de comunicação que se tem é o próprio corpo. Ele é o cartão de visitas para apresentarmos nossas mensagens. A postura, as ações, a expressividade reforçam ou dificultam a assimilação do que se tem para dizer.

Quem prestou atenção a como se desenvolveram estes processos sabe que os mais jovens praticamente nasceram usando e abusando das novas mídias. Para os de meia idade, é como aprender a dirigir mais tarde: tenho que pensar que vou fazer uma primeira, passar para uma segunda e, até, que fiz algo errado e vou bater! Mas é nos olhos dos idosos que vai se vendo o encanto: as primeiras imagens ainda eram vistas com a cobrança pelas fotografias impressas, depois o prazer de manipular um tablet e encontrar pequenas alegrias e o carinho com que se pode falar com filhos e netos, mesmo à distância.

As redes sociais são meios de comunicação poderosos para se viver de forma diferente, este momento. Uma mensagem pré-pronta, um recado de voz, um bilhetinho... lembranças de que alguém, de alguma forma, esta preocupado e gastou um instante de carinho para dizer o quanto lhe somos especiais. Mas é apenas um meio, que pode ser utilizado ou não, abençoado ou amaldiçoado, empoderado ou desprezado.

Toda a comunicação - da grande mídia até aquela que alimenta as relações pessoais - é instrumento que deveria auxiliar no processo de humanização. Não se pode condenar o meio, quando é o homem que lhe atribui a possibilidade de ser bem ou mal usado. As conferências em família, as reuniões de trabalho, as aulas a distância, as lives de formação, de reflexão e entretenimento, as transmissões de Missas e Cultos... 

Um mundo de alternativas que passa por um novo olhar sobre um velho "instrumento": o homem, capaz de se reinventar e ressignificar a forma como estabelece seus relacionamentos. Como diriam os mais antigos: às vezes "trupicando", mas não deixando de fazer caminho, especialmente quando este caminho nos leva para mais próximo daqueles que a gente ama!

Nenhum comentário: