A pandemia já está cansando, mas ainda não mostrou por completo suas garras: elas serão a consequência do que irá acontecer a partir do momento em que se tiver uma vacina e estabelecer um marco real de mudanças - o resto são especulações - de como a vida vai continuar no chamado novo normal. Atenção e cuidados com a saúde, a economia que já estava fragilizada tentando se recuperar dos escombros e relações pessoais refazendo um patamar que precisa de especial atenção dos educadores.
O problema é que se misturam "alhos com bugalhos", no caso, agora, eleições com o retorno às salas de aula. Embora se negue, esta pressa em reativar o ensino presencial tem, claro, a pressão de muitos pais que enfrentam problemas para manter os filhos em casa, mas também de autoridades que deveriam tomar a si o ônus da responsabilidade e, literalmente,"bater pé", impedindo que se viva, aqui, as dificuldades que outros já viveram pelo Mundo, quando se deixaram seduzir por argumentações duvidosas...
Verdade, que um dos problemas está nas famílias, onde pai e mãe que ainda têm emprego e precisam continuar trabalhando. Muitos casos onde um deles necessita se atrasar para deixar o filho na escola; em outros, abandonam o emprego para ficar em casa cuidando das crianças; ou perdem o trabalho por se ausentar em turnos em que, de outra forma, deixariam os menores sozinhos. Sentem-se abençoados quando um familiar mora próximo e podem dividir a responsabilidade como cuidadores.
As imagens do retorno às atividades presenciais, de longe, deixam claro que os alunos não estão voltando para as "suas" antigas escolas. O novo normal se assemelha a um ambiente hospitalar, onde imperam cuidados com a higiene, o distanciamento, o uso de máscara. Alegria e folguedo deram lugar a rostinhos que preocupados, pois, se de um lado, gostam das "profes", dos coleguinhas e dos ambientes, sabem que não é aquele ambiente do qual sairam, nem o mesmo para onde pensaram em retornar...
Há uma lição que não aprendemos e, que, infelizmente, não vamos aprender. Um passo adiante na nossa capacidade de empatia seria fazer concessões, apertar os cintos, abrir mão de privilégios, ou, ao menos, simplificar gastos e adiar investimentos. É um tempo de continuar ou entender como lidar com a solidariedade, iniciando em família, passando por quem está em necessidade, também por campanhas de doação de sangue e vaquinhas (vakinhas) arrecadando recursos para tratamento médico.
Não é hora de retornar às atividades presenciais. Assim como não é hora de eleições... A educação é o desafio da pós-pandemia. Reformatar a vida pode, sim, passar por um "ano perdido" na caderneta de notas, porém com o "reforço" na primeira escola que se chama família, onde se dá o básico: a formação do caráter. Então, se for o caso de escolher entre ficar mais pobre ou a saúde das crianças, de fato, não há o que discutir...
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