terça-feira, 18 de agosto de 2020

Um mantra e a "bala de prata"

A discussão da semana - dentro do quadro da pandemia - foi o retorno ou não às aulas presenciais. Com todos os seus desdobramentos, especialmente no que se refere à segurança de crianças e jovens. A preocupação é com a própria saúde e a possibilidade de se transformar em portadores do vírus, contrariando medida que se mostrou sensata, entre as primeiras tomadas pelos administradores: o cessar da circulação deste público evitou uma onda maior de propagação.

Em tempos de escolha dos dirigentes municipais, a discussão vem contaminada pelo viés eleitoral. Não é um assunto digesto para prefeitos que exercem o cargo e pleiteiam a reeleição. O tema é sensível, havendo desde aqueles radicalmente contrários por "n" motivos (como falta de condições de higiene e distanciamento, especialmente nas escolas públicas), até pais que veem a escola como um lugar para onde direcionar seus filhos quando precisam trabalhar ou já não sabem o que fazer com eles em casa...

A educação a distância ainda engatinha e mostra que os professores não foram preparados e vão levar um tempo para dominar a técnica. Assim, se o ensino presencial já beirava o caótico, o que é feito pela internet está longe de atender os requisitos básicos de uma educação que alcance o mínimo necessário ao estudante. Na maior parte dos casos, os professores são esforçados e buscam ser criativos para sensibilizar alunos e pais. Mas até isto tem o seu limite.

Por bom senso, não creio na volta às aulas presenciais este ano, até comprovar a existência de uma vacina. Mesmo as escolas privadas sabem que não podem garantir plenamente a segurança dos alunos. A cultura da prevenção pelo distanciamento e cuidados com a higiene não estava presente em hábitos adquiridos em casa e, sequer, nos ambientes de ensino. Difícil acreditar que, de uma hora para a outra, vão conseguir manter-se afastados, utilizar permanentemente máscaras e lavar seguidamente as mãos.

Autoridade da Organização Mundial da Saúde afirmou que não se tem uma "bala de prata" para acabar com o vírus. Infelizmente, a grande maioria dos jovens não tem nem ideia do que estava falando, ao fazer esta analogia. Isto faz parte da memória afetiva dos mais velhos, que se divertiam entre gibis e filmes das sessões matinés dos cinemas, aos domingos. Personagens do bem que só podiam matar lobisomens, bruxa e outros monstros com uma delas.Ou o Zorro que usava balas de prata no combate à tirania.

Um dos argumentos é de que os estudantes vão perder um ano. Pergunta que não quer calar: já não perderam? Duvido que se possa falar, seriamente, em compensação do aprendizado. Antigamente se dizia que repetir um ano podia ser um "reforço"... A "bala de prata" da vez é repetir o mantra: "vai passar", mas é melhor não expor crianças à infecção e lamentar perdas. Num momento em que o maior desafio é o aprendizado do que vão guardar da experiência que tiveram e o exemplo que receberam!

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