Os personagens e as situações são reais; os nomes, não. A Alessa trabalha como atendente de enfermagem. Numa ocasião em que fez turno de 12 horas - final de semana - saiu do trabalho e preferiu andar a pé para espairecer. Antes tivesse feito o contrário... Passou por praças e esquinas onde a concentração de pessoas era tudo o que não precisava ver: gente amontoada, sem máscaras, fazendo pensar se valia a pena o seu sacrifício para atender pacientes infectados que oscilavam entre a vida e a morte.
Mathias trabalha como atendente de ambulância. Num domingo de folga, foi buscar um pão para o café da tarde. Resolveu passar pela pracinha, onde costuma levar o filho e tomar chimarrão. Consciente do perigo a que exporia o menino, volta cedo pra casa, faz toda a higiene e o recolhimento nos fins de semana. Mas também viu aquilo que preferia não ter testemunhado: num pequeno espaço, dezenas de pessoas compartilhando cuias, sem utilizar máscaras, juntando crianças, adultos, animais...
Dona Terezinha resolveu visitar uma sobrinha, no outro lado da cidade. Ao passar por uma avenida, a constatação: trânsito intenso de pessoas passeando, sábado à tarde. "Absurdo", criticou. E teceu comentários politicamente corretos do que se deveria fazer para evitar a pandemia do coronavírus... com um pequeno detalhe: "mas a senhora também não estava passeando? os que viram seu carro ali não pensaram a mesma coisa?" Explicações do tipo que se dá para porteiro de boate... e não colam!
Arleu tinha uma "coceira": ir à praia do Laranjal, domingo pela manhã. Sentiu o problema quando viu a fila que se formava. Valentemente - embora a consciência já pesasse - continuou. Ah, se arrependimento matasse! Praia interditada e o contorno era por ruas secundárias, em péssimas condições. No que chamou de "beco sem saída", quase atolou. sobraram críticas para toda a administração pública, menos para o "passeador" que resolveu ser diferente e quebrar as regras básicas de prevenção...
O longo período de confinamento e cuidados para quem é consciente (e pode seguir os protocolos) confronta com parcela da população que não entendeu (alguns não querem entender) o problema. Quando alguém começa longos arrazoados dos "erros" das autoridades em impor restrições nos parques, praias, comércio, supermercados, pode ter certeza de que tem culpa em cartório. Vai contar alguma história do que "deveria ter feito" (e fez!), contrariando norma estabelecida.
A Alessa e o Mathias dão atendimento fundamental. Os "falsinhos", mil e uma explicações e não convencem. Um problema para os desinformados já que ainda vai levar longo tempo para que a vida volte ao normal. Do trabalho profissional e consciência dos "passeadores" depende a possibilidade de se ter um futuro... especialmente, de quantas vidas lamentaremos quando, enfim, 2020 terminar!
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