Não sei o nome daquele arbusto...
Confesso que aí está uma das minhas grandes dificuldades:
Sempre gostei de flores, mas nunca fui bom de memória com seus nomes.
Não me preocupei em descobrir a sua identidade.
Sempre foi "a muda da comadre Ibraíma",
A tia que morava no interior e que, periodicamente, visitávamos.
E a referência que fazia memória à parente, bastava.
Veio de alguma visita ao interior de Canguçu ou São Lourenço,
Por onde se espalharam tios e primos.
A mãe gostava de andar pelos arredores das casas vendo o arvoredo e as flores.
Sempre havia um lugar reservado e fechado que era um jardim,
Distante do acesso aos animais do pátio...
Difícil quando se voltava sem um galho, uma muda, um enxerto...
Ficou ali, junto ao pé da Camélia - a rosa de inverno -
e a laranjeira do céu - sem ácido e reservada para a mãe e meu sobrinho.
Nestes tempos em que a natureza já guarda os embriões da primavera,
encorpa seus talos e adiciona pingentes coloridos.
Onde ainda se pode ouvir a voz que recomendava:
Quando as flores caírem, pede pro seu Otílio podar...
A poda e a primavera,
a morte e o renascimento,
a entrega e o ressurgir de galhos e brotos...
Abençoada e carinhosa lembrança de outros tempos, de outras vozes...
Vozes que vão ficando na memória, diluídas em feições que já esmaecem...
E ainda libertam a natureza que cumpre todas as estações e marca os nossos rostos:
os sulcos que se ressecam no verão, em lugares em que os anos vão sendo amontoados;
desprendem as folhas no outono, trocando a cor rosada e a pele firme;
adormecem no inverno, anunciando que a finitude é possível;
Envelhecer é passar por todas as estações, sabendo que, enfim,
A vida segue seu rumo, alimentada pela esperança de uma sempre renovada primavera!
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