Quando o papa Francisco fez seu apelo, para o Dia Mundial da Alimentação de 2018, talvez não tivesse noção de que dois anos depois o coronavírus iria piorar a situação que, se já era preocupante, passou a ser calamitosa. Alertou que “os pobres não podem esperar", fazendo eco ao sociólogo Betinho que dissera: "quem tem fome tem pressa" (e virou campanha nacional), preocupado com a má distribuição de alimentos no Brasil, onde 54 milhões de pessoas tem pouca ou nenhuma comida à mesa.
A citação foi usada pelo professor Reinaldo Tillmann, coordenador da Cáritas Arquidiocesana de Pelotas, que conversou comigo e com o professor Lupi Scheer numa live pelo Facebook, quando tratamos das "ações sociais da Igreja (Católica) em época de pandemia". Mostrou um quadro do que acontece em Pelotas e região em que, apenas a organização que dirige, distribuiu mais de duas mil cestas e, tudo indica, campanhas de arrecadação e distribuição ainda vão durar por longo tempo.
A chegada do inverno preocupa porque é preciso arranjar alimentação, e, também - pelos dias de frio - aumenta a necessidade de roupas mais pesadas e cobertores. Faz algum tempo que a celebração de Corpus Christi também era caracterizada pela arrecadação de cobertores, que servia como uma parte dos ornamentos e depois eram distribuídos. Este ano, a impossibilidade das procissões pelas ruas levou a que os pedidos fossem feitos pelos meios de comunicação, redes sociais e paróquias.
A frase que motiva a ação da Igreja é simples, mas carregada de sentido: "é tempo de cuidar". Durante o mês de junho serão arrecadadas doações, na forma de cobertores, alimentos não perecíveis e itens de limpeza. Mas também pode ser em dinheiro: R$ 30,00 (o valor reverte para compra de cobertas), que pode ser depositado no Banrisul | AG: 0475 | Conta: 06.026846.0-7 | Mitra Arquidiocesana de Pelotas-Ação Social | CNPJ: 92.238.138/0036-71. A Cáritas fica ao lado do Instituto de Menores, no Areal.
Para quem deseja desapegar e não tem condições de se deslocar até lá, também pode deixar nas paróquias. Nos noticiários, além de informações envolvendo a pandemia, o que mais se vê são pessoas e grupos mobilizados em auxiliar quem está passando dificuldades. Reinaldo registrou a situação difícil vivida pelas periferias e as populações indígenas para as quais dão especial atenção. Sabem que não serão a solução do problema, mas auxiliam a que, a curto prazo, se escape do frio e a fome seja saciada...
Ouvi opiniões de que "se quiser o peixe, ensine a pescar". Outros preocupados com fotos feitas nas entregas... Vale a máxima: quem não ajuda, que não atrapalhe. Não é ocasião para se discutir detalhes irrelevantes. Em tempos de crise, como concidadãos, é preciso auxiliar na busca por soluções. O certo é que o inverno ainda nem chegou e já mostra as suas garras: é tempo de se cuidar de quem tem fome e, ainda, passa frio...
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