Organismos internacionais mostram que o foco da pandemia do coronavírus se desloca da Europa para a América e, infelizmente, tudo indica, o Brasil será o epicentro. Ainda tendo os Estados Unidos com o maior número de mortes, mas não conseguimos dar resposta adequada e vamos pagar o preço pelas disputadas políticas internas. Em muitas regiões, as autoridades de saúde não conseguiram criar e dar uma resposta rápida e eficiente para detê-lo, nem mesmo o suporte adequado a quem fica doente.
No Rio Grande do Sul, medidas de isolamento social conseguiram conter a agressividade do primeiro momento. Mas o gaúcho não consegue se manter muito tempo dentro de casa, achando que, se passou este "longo" período e nada aconteceu, já se julga "vacinado" e pronto para voltar ao "normal". Não presta atenção de que o "normal" nunca mais vai ser o mesmo e virá com a ausência - até agora - de quase três centenas de gaúchos mortos e um vírus que vai fazer estrago por muito tempo...
Pressões de todo o tipo, levaram governantes de municípios e do Estado a flexibilizarem o funcionamento de diversos setores, dentro de uma dicotomia entre saúde e economia, apoiada por vários setores empresariais, nos quais domina o pensamento de que algumas mortes são até irrelevantes diante da parada da economia. Olham para o resultado nos caixas, sem se dar conta de que a pandemia entrou no Brasil pelas classes alta e média e agora penetra as áreas mais vulneráveis.
O problema começa exatamente aí: as desigualdades socioeconômicas formam um quadro aonde parte da população não tem acesso a saneamento básico (ainda temos falta de água e esgoto nas casas), mora em condições de superlotação (barracos com famílias inteiras e mais agregados...), tem pouca ou nenhuma compreensão do que está vivendo (a noção básica de higiene praticamente não existe) e ficará exposta a um vírus que se transmite com muita facilidade, especialmente pela proximidade física.
Governos municipais funcionam com aquilo que mendigam do estado. E este tem a mesma relação com o federal. Falar em falta de investimento na área da saúde - atendimento, prevenção, saneamento básico - é repetir um roteiro que lideranças comunitárias já cansaram de fazer. Mas é necessário. Pressionados pelo susto, políticos e burocratas se movimentaram e encontraram os recursos, que precisam azeitar uma máquina que funcione nas bases, na qual a população não confia, mas precisa dela...
Conhecida que vive em cidade da serra contou que o ex-marido vinha à sua casa sem proteção e brincava, até aconteceram as primeiras mortes... passou a usar máscara e se esmerar na higiene! Afinal, é "a dor que ensina a gemer". Confirma que apenas lamentar as mortes é hipocrisia se não formos capazes de encontrar formas de respeitar e manter as vidas, em todos os estratos sociais... inclusive a dos idosos!
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