A Igreja Católica instalou no dia 6 de outubro o Sínodo da Amazônia, convocado em 15 de outubro de 2017, sob a justificativa de que a Igreja precisa de um "rosto amazônico"... para a sua atuação na Amazônia. Em pauta, a discussão - até 27 de outubro - de como a Igreja lidará com ameaças aos povos indígenas, urgência no combate às mudanças climáticas e ao desmatamento e de que forma deve enfrentar as carências de sua própria estrutura na região.
O papa Francisco já havia lançado a encíclica “Laudato Si” - primeira dedicada exclusivamente ao meio ambiente - e o documento preparatório mostra a preocupação com a região - tão importante para manter a própria "casa" (a Terra), como chama o Sumo Pontífice. Com as mudanças climáticas, as temperaturas na Amazônia podem aumentar até 4 graus Celsius, já tendo sido desmatado de 15 a 20% do bioma. Se este índice chegar a 40%, a floresta enfrenta o processo de desertificação.
Temas ambientais são tratados juntamente com o problema das populações pobres e desassistidas que habitam a área de confluência de nove países. Num desafio a que se encontrem formas de tornar comum as riquezas, sem que a população local sofra mais do que já tem sofrido. Infelizmente, a pequenez de visão de algumas lideranças viu na iniciativa de Francisco uma recriminação ao atual governo brasileiro.
É bem possível, embora sabendo que os crimes cometidos contra índios, pequenos produtores e extrativistas são históricos, passando por diversos regimes e governos. O papa, que já convocou dois outros sínodos: da família e dos jovens, quer que a humanidade - e especialmente a Igreja Católica - se debruce sobre problemas que estão se agravando... Sabe que a preocupação ecológica é uma parte da questão, que precisa ser enfrentada com uma forma diferenciada de fazer a evangelização.
Recentemente, jornalistas mal informados chegaram a dizer que a Igreja Católica abriria mão de evangelizar naquela região... Impossível. A Igreja existe exatamente para isto: propagar o Evangelho, isto é, o anúncio de Jesus Cristo, como referência para cristãos e todos os homens e mulheres de boa vontade. Os ataques feitos por políticos, mídia e organizações econômicas pretendem minimizar as palavras de um dos mais fortes profetas da atualidade em temas religiosos, sociais, culturais...
Francisco não dita normas, apresenta fatos e argumentos - analisados a partir do Evangelho - que podem encontrar acolhida dentro e fora do seu rebanho. O resultado do Sínodo não corresponde a uma política pública. Os governos da Pan-Amazônia podem se inspirar para formular medidas de defesa da região e da população. É a Igreja encontrando seus rumos, que passam pelos caminhos dos homens, buscando a realização plena da pessoa, sem perder o horizonte da fé...
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