A propaganda é
especialista em aproveitar momentos como o Dia dos Pais para vender através de
cenas que trabalham a nossa sensibilidade. Quando envolvem crianças, então, é prato
cheio. Não há como resistir a rostinhos carinhosos, em lágrimas, carentes ou
com um sorriso de dobrar o mais sisudo dos homens. Mas, nos últimos dias, a
cena que mais me chamou a atenção é a de um rapaz que liga e se ouve apenas uma
frase: “pai, só queria ouvir a tua voz”. Vencidos todos os preconceitos machistas,
uma simples frase demonstra saudades, carências, necessidades, afeto. Não se
ouve o que é dito do outro lado, mas nem é preciso. Até o silenciar é carregado
de significados. E que significados!
Nas andanças
que tenho feito nunca encontrei uma receita que desse certo na relação afetiva
e no papel que o pai tem na formação de um filho. No entanto, o que se percebe
é que a presença positiva, especialmente pelo exemplo, exerce um poder que, se
não for determinante, ao menos indica com muita clareza o que vai ser o futuro
da criança ou do jovem.
A sociedade
praticamente delegou à mãe a tarefa e o dever da educação. E creio que ela
sempre se saiu muito bem, na medida do possível. No entanto, são elas que
reconhecem que a tarefa de auxiliar os filhos a encontrar seus rumos sempre se
torna mais fácil quando há a presença do pai.
A frase “pai,
liguei só pra ouvir a tua voz” tem, entre muitos significados, o da
cumplicidade. Muitos adultos dizem que só se sentiram realizados quando
encontraram, entenderam e aceitaram que o pai, embora com seus defeitos, também
tinha muitas qualidades, uma delas era o fato de amá-los incondicionalmente,
estando presente em praticamente todos os momentos de suas vidas.
Fico encantado
com os filhos que não abrem mão de expressar seu carinho, através de abraços e
beijos; encontram tempo para gastar com o pai em qualquer idade; acham um olhar
que mostre ternura e capacidade de entendimento. Lembro de uma pequena história
que dizia: na nossa “evolução”, aos oito anos, pensamos que “o pai é um herói”;
chegando aos 13, “tem alguns deslizes”; aos 18, “o velho não tá com nada”; aos
40, “até que tinha razão em algumas coisas”; e aos 50, “o velho era um sábio!”
Seria bom se
não levássemos tanto tempo para reconhecer o quanto são importantes! Aprenderíamos
mais cedo que a presença de um pai representa um esteio para a família, um
presente de Deus, que também é pai, e soube nos dar esta companhia impar para a
qual sempre vale a pena dizer: “pai, liguei só para ouvir a tua voz!”
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