No dia 22 de outubro de 2015, estive na Catedral São
Francisco de Paula, na preparação da Romaria de Nossa Senhora de Guadalupe. O
tema era "o leigo e Maria", experiência com relação a Nossa Senhora,
mas também com a Família de Nazaré. Não sou teólogo, portanto, quando converso
com grupos, falo como leigo, com vivência de Igreja, e considero José e Maria
os primeiros leigos e uma das grandes inspirações para os que são consagrados
pelo batismo a pertencerem à fé cristã, sem nenhuma ordem.
Em qualquer grupo, a discussão incendeia quando se
tenta descobrir porque Deus resolveu encarnar na realidade do Mundo, através de
Jesus. Tenho uma tese: Deus queria aprender a cuidar de gente! Uma das
histórias mais bonitas a respeito de "mãe" é aquela em que uma
criança vai nascer e diz a Deus que não sabe falar, não sabe se cuidar, não
sabe tomar iniciativas. Deus diz que alguém tomará conta dela. A criança,
encantada com as maravilhas ditas sobre quem a cuidaria, quis saber o nome
deste "Anjo". Na despedida do Céu, Deus sorriu e balbuciou:
"Mãe"!
É exatamente o que se aprende em família. Pai e mãe
devem exercer este papel sagrado e, depois, acontece o mesmo entre os irmãos:
eu até posso brigar com meus irmãos. Mas pobre daquele que resolver de alguma
forma brigar com eles! Nem sempre nossos gênios são compatíveis, muitas vezes
estamos à distância, mas fica para sempre o laço da família que nos gerou e
apresentou ao Mundo.
Santa Helena, a mãe do imperador Constantino, viveu no
tempo em que seu filho reconheceu, pela primeira vez, o Cristianismo como
religião. Sua conversão se deu quando uma empregada ficou doente e, como era o
costume, foi colocada na rua. Depois de alguns dias, discretamente, Helena saiu
em busca da moça e a encontrou numa igreja, sendo cuidada por religiosos. O
impacto foi tanto que se tornou voluntária cuidando de outros doentes e
entendeu a diferença das propostas da Religião Romana, individualista, e do
Cristianismo, de atenção ao social e às necessidades mais elementares das
pessoas.
Quando alguns dizem que perderam a fé na Humanidade
porque ela é violenta e o que vemos no dia a dia é exatamente o contrário do
que pregam as religiões, não consigo entender. Todas as religiões falam de paz
e solidariedade. Fundamentalistas existem em todas elas, mas somente se tornam
influentes pela omissão daqueles que poderiam redirecionar o sentido de suas
práticas religiosas.
Falar do "leigo e Maria", hoje, é lembrar
que uma família, em Nazaré, há mais de dois mil anos, entregou um filho ao
Mundo exatamente porque sabia que Ele seria, tendo aprendido da melhor de todas
as fontes, capaz de cuidar de gente!
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