As imagens eram de uma escolinha
para crianças da classe média baixa. Depois de atividades físicas e lúdicas, um
tempo para o descanso e, na sequência, cada um pegava um cesto, recolhia seus
brinquedos e objetos e guardava num armário. Feito com calma e alegria, era
algo já assumido como parte de sua rotina, fazia parte da disciplina com que se
acostumaram, pois a escola faz questão de salientar em seus objetivos a
construção do caráter do indivíduo, assumindo, desde cedo, valores
humanísticos.
O fato me lembrou um pai que
dizia, num encontro, que escolhera a escola mais cara para o seu padrão “porque
tinha um estudo mais puxado”, que não encontrara nas escolas públicas por onde
seu filho tinha passado. Também recordei a ocasião em que um palestrante dizia
que brincar era uma das coisas mais sérias que existia no universo da criança
em formação, especialmente de valores e respeito pelo outro.
Antenei meus ouvidos e explicava
que o responsável que acompanha brincadeiras infantis e permite que as regras
do jogo sejam burladas, muitas vezes por impertinência ou teimosia, está
“ensinando” que nas demais relações a criança também poderá fazer o mesmo e se
sair bem. Literalmente, está desconstruindo a chance de um bom caráter.
Pelo Facebook recebi uma mensagem
interessante: dois desenhos semelhantes. No primeiro, parecendo de 30 anos ou
mais passados, a criança estava cabisbaixa, os pais em pé ao lado da mesa da
professora sentada. Olhavam para a criança e diziam: “porque fizestes isto?”. A
segunda, com os mesmos personagens, apenas que a criança com olhar matreiro e
os pais olhando para a professora, diziam: “porque fizestes isto?”
Infelizmente, os papeis foram
invertidos. Hoje, em muitos casos, os pais acham que a tarefa de educar não lhes
pertence e pagam para alguém fazê-lo: babás, escolinhas, grupos de recreação
etc. Esquecem que educação é formação de caráter, algo que se dá da gestação à
morte. Mas que tem momento fundamental nos seus primeiros anos, ao lado dos
pais. Repensar o ensino inicial são favas contadas para não perdermos as
futuras gerações. Quem sabe não iniciamos “reformatando” os próprios pais?
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