Semana passada, alguém postou no Facebook a foto de uma criança negra. Seu olhar era tristonho e sem vida. De alguma forma, a sociedade – não importa se pais, vizinhos, comunidade, governo – roubou-lhe a alma, tirou a alegria que somente os olhos podem expressar.
Lembrei-me, de imediato, de um vídeo numa televisão a cabo – a Globo News – onde a organização Médicos Sem Fronteiras mostra o atendimento que faz a crianças em países pobres das Américas, África e Ásia. A luta é desigual. As forças do poder econômico que sugam a vida em seus elementos matérias – especialmente o extrativismo de recursos minerais - vão deixando para trás um contingente de famintos e rejeitados.
São mais de 28 mil voluntários que aguentam, no osso do peito, lidar com crianças que – mestiças, negras, asiáticas – olham para eles como se fossem o último fio de esperança que encontram entre os homens.
Algumas cenas são chocantes: os mutilados de guerra, os deprimidos pela fome, os que sofrem com a violência. Em alguns casos, o olhar dos médicos é carregado pela dor e sofrimento solidário. A dor própria que extravasam quando estão sozinhos. No entanto, de um lado ao outro do Mundo, há aqueles que transmitem mensagens e procuram dar ânimo e coragem com uma frase lapidar: “aguente firme”!
Confesso que, há muito tempo, não me emocionava com algo tão tocante: jovens vindos do primeiro Mundo imergem na realidade daquilo que seus países causaram ou, ao menos, não foram capazes de minimizar. Sentem que, entre seus grandes centros de tratamentos com todos os recursos e o que enfrentam, na precariedade e improviso, há um oceano de distanciamento.
Converso com jovens e falo das empresas que procuram pessoas já envolvidas em trabalhos voluntários, pois, enquanto houver jovens capazes de devolver a alegria ao olhar de uma criança, também se pode ter uma perspectiva positiva. Afinal, o que alimenta nossa esperança é que o sonho armazena uma semente de realidade.
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