O massacre acontecido em uma escola pública na última quinta-feira, no Rio de Janeiro, expõe uma das muitas mazelas do ensino: o nosso desconhecimento da matéria prima com a qual estamos lidando. Aquele rapaz que matou e provocou a própria morte demonstrava sinais que a sociedade - incluíndo aí a comunidade educacional - preferiu desconhecer.
Tudo o que se fala, hoje, a respeito de processos vividos na escola causa uma certa surpresa e um constrangimento ainda maior: queremos que os alunos "evoluam" sem que rodem nas quatro séries iniciais; na maior parte das escolas, não há presença de supervisores em momentos de recreio, causando, por um lado, o tão malfadado bullyng, e de outro a presença descarada de tranficantes do lado de fora das grades e dos muros. E mais, o grande volume de alunos em sala de aula impede um tratamento personalizado e a identificação precoce de problemas.
Mas, infelizmente, da forma como são preparados nossos professores, também dificilimente detectariam estes problemas, porque já vivem os seus e fazem do espaço em sala de aula apenas uma jornada a ser cumprida.
Falo da escola, porque estou neste meio, mas também poderia olhar o lado da família, vizinhança e do trabalho: familiares o achavam estranho, a vizinhança o afastara e perdera o emprego por suas vestes, atitudes e posições religiosas.
Não adianta, agora, querer erguer cercas e um policiamento ostensivo. Nos Estados Unidos, onde a segurança é quase doentia, isto acontece regularmente. Precisamos de novas políticas educacionais, focadas no aluno, onde se trabalhe todos os aspectos de uma formação integral. Se não, este foi o primeiro, mas pode não ser o último dos massacres sofridos por aqueles que morreram sem saber porquê: tiveram suas vidas abreviadas sem a menor chance de realizar os sonhos que acalentavam.
Nenhum comentário:
Postar um comentário