Posso até estar enganado, mas creio que somente uma vez na minha vida tive uma arma em minhas mãos. Na verdade, era uma arma de competição, nos idos de Seminário, para acertar alvos parados. A minha bala passou a alguns metros. Se dependesse de pontaria para sobreviver, literalmente, estaria liquidado.
Mas a idéia que se estabelece, agora, é de um plebiscito para o desarmamento da população. Algumas idéias até que são interessantes: o ladrão é melhor preparado, não tem nada a perder. A arma, normalmente, está escondida, em lugar de difícil acesso, dando vantagem ao assaltante e colocando em risco quem se atrever a buscar uma reação.
No entanto, o que impressiona é que esta discussão mascara e lança uma nuvem de fumaça sobre a realidade: o estado se mostra incompetente para impedir que as armas entrem no país, que circulem em mãos dos bandidos e que sejam usadas nas ruas.
O que, supostamente, seria um benefício para o cidadão, esconde algo pior: a falência do estado em garantir não apenas a segurança, mas a sensação de segurança, nas ruas, nos lugares públicos e nas casas.
Recentemente, amigos vindos de alguns países mais desenvolvidos, comentavam que um dos primeiros sinais de que as economias andam mal é que, andando pelas ruas, se tem a idéia de estar no Brasil, com pedintes, moradores de ruas e assaltos na tão sonhada e sempre admirada Europa.
Creio que o plebiscito vai nascer morto. Mas não podemos deixar de exigir que o poder público - em todas as instâncias - cumpra com o seu papel, para o qual é pago e bem pago. A União faz o discurso que deveria se concretizar no município, o que não acontece. O Estado anda de pires na mão buscando desemperrar uma máquina já ultrapassada. O município começa a colocar placas de velocidade onde vai postar os radares. No frigir dos ovos, sobram as multas, que nós acabamos pagando, sem ver que, com armas ou sem armas, possamos deixar nossos filhos fazer as coisas mais elementares: visitar seus amigos, sair para a balada de final de semana ou apenas andar pelas ruas sem ter que grudar ao próprio corpo qualquer coisa de valor que transporte.
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