Na terça (05), foi o dia de nos despedirmos do padre Roberto. Durante 23 anos, esteve no comando da paróquia de Santa Teresinha, no bairro do mesmo nome, em Pelotas (embora as divergências se o nome deve ser grafado com s ou com z). Durante a Missa de despedida, passou um filminho dos muitos momentos vividos, ora em confrontos com o padre, ora em conversas francas e divertidas.
A miséria dos primeiros anos e o preconceito pelo fato de ser negro, não o abalaram. Tornou-se um homem firme em seus propósitos, disposto a fazer o que lhe era possível para educar crianças de periferia, naquilo que, hoje, é chamado de ensino profissionalizante. Criou a Escola Paroquial Santa Teresinha, que, ao longo da história, sempre teve outro nome: Escola do Padre Roberto.
Seu espírito empreendedor também o levou a querer uma igreja apropriada e, saindo de um prédio reformado sobre um estábulo, passou para a igreja que é hoje, mesmo lembrando dos primeiros anos de seu funcionamento apenas com o esqueleto montado. A primeira Missa, num Natal, foi com morros de terra no seu interior e a falta de janelas e telhado.
Criticado por muitos por ter ficado tanto tempo numa paróquia, fico me questionando sobre as pessoas que não são capazes de fazer uma análise do contexto histórico vivido. Naquele tempo - e ele não está tão distante assim - o padre era quase parte da família, acompanhando e aconselhando pais e filhos, num processo que demandava uma presença constante.
Quando deixei o Seminário, fiz questão de ir dizer a ele. Correu uma lágrima em seus olhos e eu pensei que tinha feito bobagem. Mas ele me disse que tinha sido o primeiro seminarista a sair que viera lhe dizer pessoalmente.
Creio que o pai foi antes pra receber o padre Roberto. Embora não fossem amigos, pois o convívio já não o permitia, tinham respeito um pelo outro. E ainda me lembro da procissão de homens que hoje estão todos na casa do Pai Eterno, levando a imagem de Santa Teresinha para a primeira celebração. O pai era um deles.
Estes últimos dias têm sido de muitas lembranças carinhosas. Que descansem em paz. Mas que também nos marquem com seus exemplos. Pois foram homens com presença marcante em nossas vidas e deixam o perfume de vidas bem vividas, testemunhos que não se apagarão enquanto vivermos.
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