Não lembro, mas creio que nunca usei uma bombacha. O
que não impede que me considere um gaúcho, não somente por ter nascido na
querida terra de Canguçu, mas porque, creio, hoje, ser gaúcho é um estado de
espírito. Foi exatamente sobre este tema que resolvi refletir neste 20 de setembro,
quando se comemora a Revolução Farroupilha, dez anos que marcaram a terra e o
povo. Cantada e contestada, acirra brios de quem a considera incontestável,
assim como de quem faz uma releitura dos fatos e personagens.
Muitos não sabem, mas a
Wikipédia define: “Gaúcho é uma denominação dada às pessoas ligadas à
atividade pecuária em
regiões de ocorrência de campos naturais, do bioma denominado pampa, que ocorre no sul da América do Sul: Rio Grande do Sul, Argentina, Uruguai e Paraguai, também aos nascidos no Rio Grande do Sul”. Portanto, não estamos sós, não apenas na
denominação, mas nos costumes comuns e nas tradições que mais nos identificam
do que diferenciam dos irmãos castelhanos.
As chamadas “tradições
gaúchas”, que têm nos festejos do 20 de Setembro um dos seus pontos altos, são
relativamente recentes, desde meados do século passado, quando, como movimento
cultural, um grupo de jovens resolveu investir na criação do Centro de Tradições
35, em Porto Alegre. Desde então, muitos pesquisadores se debruçaram sobre as
origens do Estado, os momentos fortes da sua história e a forma de viver do seu
povo. Seus hábitos, canções, jeito de agir e conviver foram sendo recuperados.
Porém, a cultura gaúcha
do Rio Grande do Sul também foi influenciada pela imigração europeia, em
especial a portuguesa, espanhola, italiana e alemã, a partir da segunda metade
do século XIX. O que tornou a região rica em tradições e elementos únicos na
culinária e na música, por exemplo. É comum se ver “gaúchos” pilchados em todas
as querências, assim como esparramados pelo Brasil e o Mundo. O que demonstra
um sôfrego sentimento de identidade e o porquê desta gente se orgulhar do seu
jeito de ser.
Gaúcho raiz ou de
apartamento apronta mala e cuia e quer lugar ao Sol para conviver e se
manifestar. Com as mazelas políticas e econômicas recentes, o amor próprio pode
estar em baixa e já não se ter o ufanismo em que se vendia a ideia de que se
tinha as melhores lideranças, o melhor pôr do sol, as mulheres mais belas... Ser
gaúcho, hoje, como iniciei, é um estado de espírito. Por estradas, coxilhas e
vales, se toma consciência de que esta terra não é abençoada por ser “a
melhor”, mas por ser a nossa terra.
Se o estrangulamento
econômico na Revolução Farroupilha marcou os “farrapos” de então, como
consequência da asfixia do Império, hoje se tem “farrapos” que demandam
atendimento no emprego, alimentação, saúde, segurança... O sentimento mais
“gaúcho” da atualidade se chama “solidariedade”. Nossos antepassados já fizeram
suas lutas – certas ou não – e servem de inspiração. As façanhas, hoje, não
demandam peleias armadas, mas reflexão e voto consciente para que não se
repitam os mesmos erros...
Os farrapos de ontem e de hoje
Não lembro, mas creio que nunca usei uma bombacha. O
que não impede que me considere um gaúcho, não somente por ter nascido na
querida terra de Canguçu, mas porque, creio, hoje, ser gaúcho é um estado de
espírito. Foi exatamente sobre este tema que resolvi refletir neste 20 de setembro,
quando se comemora a Revolução Farroupilha, dez anos que marcaram a terra e o
povo. Cantada e contestada, acirra brios de quem a considera incontestável,
assim como de quem faz uma releitura dos fatos e personagens.
Muitos não sabem, mas a
Wikipédia define: “Gaúcho é uma denominação dada às pessoas ligadas à
atividade pecuária em
regiões de ocorrência de campos naturais, do bioma denominado pampa, que ocorre no sul da América do Sul: Rio Grande do Sul, Argentina, Uruguai e Paraguai, também aos nascidos no Rio Grande do Sul”. Portanto, não estamos sós, não apenas na
denominação, mas nos costumes comuns e nas tradições que mais nos identificam
do que diferenciam dos irmãos castelhanos.
As chamadas “tradições
gaúchas”, que têm nos festejos do 20 de Setembro um dos seus pontos altos, são
relativamente recentes, desde meados do século passado, quando, como movimento
cultural, um grupo de jovens resolveu investir na criação do Centro de Tradições
35, em Porto Alegre. Desde então, muitos pesquisadores se debruçaram sobre as
origens do Estado, os momentos fortes da sua história e a forma de viver do seu
povo. Seus hábitos, canções, jeito de agir e conviver foram sendo recuperados.
Porém, a cultura gaúcha
do Rio Grande do Sul também foi influenciada pela imigração europeia, em
especial a portuguesa, espanhola, italiana e alemã, a partir da segunda metade
do século XIX. O que tornou a região rica em tradições e elementos únicos na
culinária e na música, por exemplo. É comum se ver “gaúchos” pilchados em todas
as querências, assim como esparramados pelo Brasil e o Mundo. O que demonstra
um sôfrego sentimento de identidade e o porquê desta gente se orgulhar do seu
jeito de ser.
Gaúcho raiz ou de
apartamento apronta mala e cuia e quer lugar ao Sol para conviver e se
manifestar. Com as mazelas políticas e econômicas recentes, o amor próprio pode
estar em baixa e já não se ter o ufanismo em que se vendia a ideia de que se
tinha as melhores lideranças, o melhor pôr do sol, as mulheres mais belas... Ser
gaúcho, hoje, como iniciei, é um estado de espírito. Por estradas, coxilhas e
vales, se toma consciência de que esta terra não é abençoada por ser “a
melhor”, mas por ser a nossa terra.
Se o estrangulamento
econômico na Revolução Farroupilha marcou os “farrapos” de então, como
consequência da asfixia do Império, hoje se tem “farrapos” que demandam
atendimento no emprego, alimentação, saúde, segurança... O sentimento mais
“gaúcho” da atualidade se chama “solidariedade”. Nossos antepassados já fizeram
suas lutas – certas ou não – e servem de inspiração. As façanhas, hoje, não
demandam peleias armadas, mas reflexão e voto consciente para que não se
repitam os mesmos erros...