Meus sobrinhos residem em Caxias do Sul e estão migrando para o interior. Atuam na área da saúde e encontram, numa comunidade menor, oportunidades de emprego, assim como, pensam, melhor qualidade de vida, em especial para o filho, meu sobrinho-neto, o Miguel. Entrar nas dependências foi como se já se sentisse em casa. “Minha escola nova” era um espaço a ser explorado e, enquanto cuidavam da papelada, fiquei encarregado de policiar que não mexesse em nada ou invadisse algum espaço. Fui a reboque, durante um bom tempo, percorrendo corredores e espiando salas de aula.
Carinhosamente, professoras que orientavam alunos para o intervalo da merenda foram passando, conversando e se apresentando. Duas turmas de primeira série são candidatas a recebê-lo. Claro, teve que visitar e ser prontamente recebido pelos alunos deste ano. Se não o retirasse daquele lugar, ficaria em definitivo. Mas não foi somente entre as crianças que se sentiu bem. Curioso, escapou de minhas mãos e entrou numa sala de alunos maiores. Foi recebido da mesma forma, com a garotada perguntando quem era, ficando feliz por saber que no próximo ano estaria em sua companhia.
Quando voltávamos à secretaria, encontramos a própria diretora. Prestativa, fez questão de mostrar as demais dependências, inclusive o local onde as crianças já estavam fazendo seu lanche. A algazarra contagiante de crianças e adolescentes que passavam brincando, se provocando, sem excessos, numa relação saudável e pedagógica. Contou da interação com a comunidade, também no que se refere à reciclagem de lixo, em especial, com material aproveitado (como caixas de leite) para revestimento das casas de moradores em situação precária, melhorando a qualidade térmica.
Durante o tempo em que lecionei na Escola de Comunicação da UCPel, seguidamente era convidado por escolas públicas para conversar com professores sobre Comunicação Motivacional. O interessante é que mais do que repassar algo aos grupos, tinha a oportunidade de conhecer diferentes realidades em centros urbanos, periferias e meio rural. Havia, sempre, grande preocupação, especialmente com a deterioração das estruturas, assim como de salários e benefícios dos professores. Mas nunca, e repito: nunca, senti que os educadores quisessem desistir…
A educação ainda é um sopro de esperança na vida de crianças que encontram na escola um porto seguro para fugir de situações de fragilidade social. Não é o caso da 1º de Maio, que está num outro patamar, ao preparar pequenos cidadãos, como o Miguel, que “se achou”, acolhido pela comunidade escolar. Ali, educar significa provocar mentes e corações a abrir janelas ao Mundo. Encantamentos da infância, tempo em que se tem o direito de ser feliz, acreditar nos próprios sonhos, onde, de cada sala de aula, corredor, professora, diretora, coleguinhas, ficam as doces e ternas marcas da saudade!
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