Quando completei aniversário, em junho,
compartilhei pelas redes sociais uma reflexão a respeito das "dez coisas
que aprendi com os meus 60 anos". Foi o suficiente para que grupos como
"Voltando à Sala de Aula", da Universidade Católica de Pelotas;
Rotary Club Pelotas Centenário, Cursilho de Cristandade e o pessoal do Centro
de Extensão em Atenção à Terceira Idade - CETRES, também da UCPel, me
convidasse para conversar a respeito. Transformei em texto compartilhado por
jornais, mas que também acredito ser interessante dar à atenção dos leitores do
Jornal da Catedral.
Eis aqui o meu aprendizado:
- Distinga: sua fé é uma questão pessoal.
Sua religião é uma prática coletiva. Em princípio, todas as religiões são boas.
O problema está nos homens e mulheres que se tornam “donos de suas verdades”.
- Guarde um tempo para “tomar um chimarrão
com Deus”. Preserve seus espaços de sanidade mental. Guarde seus momentos de
silêncio. Mesmo quando tudo parece tumulto à sua volta, sua paz interior
ninguém pode roubar.
- A sua felicidade não depende dos outros.
Eles podem ajudar a aplainar caminhos, mas não podem caminhar por você.
- Abra seu coração apenas para quem o
souber conquistar. Amigos de oportunidade podem compartilhar momentos, mas não
devem penetrar no templo sagrado do seu coração.
- Enquanto puder, cuide de si mesmo.
Também ajude a cuidar dos mais próximos. Mas se prepare: um dia você vai
precisar de alguém que o cuide. Então, cada vez que visitar um doente, atente
para aquele que está sendo cuidado, mas também para o seu cuidador.
- Todos temos virtudes e defeitos. Não
idolatre para não se decepcionar. Mas também não despreze quem pode lhe
auxiliar um dia.
- As pessoas não mudam porque envelhecem.
Com o passar do tempo, amadurecidas, a maior parte aprende a controlar seus
impulsos.
- Manter-se sempre ereto tem duas
vantagens: faz bem para a coluna e para a sua autoestima.
- Possivelmente, a vida não vai lhe dar
grandes aventuras. Saboreie os pequenos instantes felizes. São estes que o
alimentam quando você enfrenta os seus problemas.
- As novas tecnologias dão oportunidade
para preencher o seu tempo. Mas, tudo isto um dia cansa. Selecione o que
alimenta seu espírito. Leia um livro, ouça música, assista filmes. Não importa o
que os outros pensam dos seus gostos. O importante é que você se sinta feliz.
Estes pontos não tem a pretensão de ser
"mandamentos". Sequer sei se servem para outras pessoas. No entanto,
foi um aprendizado. Seria falsidade dizer que foi "difícil". Não foi,
porque tive o privilégio de ser, em muitos casos, um observador da vida de
muitas pessoas conhecidas que, estas sim, tiveram dificuldades, tropeços,
amargaram agruras.
Se há uma lição que aprendi é de que, em qualquer
circunstância, sempre vale a pena viver. Mesmo nos preparando para a morte -
como a única coisa certa desde que nascemos - o que temos em mão é uma mistura
de sentidos e sentimentos que, bem vividos, demonstram o quanto atingir a paz
conosco mesmo é o melhor jeito de atravessar a existência. Ficar refém do final
de nossas vidas é perder o melhor que podemos fazer: saborear o aqui e o agora
como únicos e insubstituíveis!
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