Infelizmente,
não sabemos conviver com o diferente. Uma pessoa que utiliza uma bolsa de
colostomia – para recolhimento de dejetos do próprio organismo – já está
fragilizada e merece um apoio especial, não precisando ter, no corpo ou no
rosto, marcas que identifiquem suas carências. No entanto, partindo do
princípio de que “todos são culpados até que provem que são inocentes”
(invertemos a máxima jurídica!), encontramos sádicos que se divertem com o
sofrimento alheio e já não lhes basta identificá-los, é preciso expor suas
mazelas!
E não para aí:
jovens e adultos ocupam vagas de estacionamento dedicadas a deficientes,
descendo livres, lépidos e faceiros de seus carros, privando quem efetivamente
necessita, enquanto há vagas mais distantes; menosprezo por idosos com
dificuldades de locomoção, colocando-os em situação de risco, quando o simples
oferecimento de um braço amigo pode prevenir uma queda ou algum transtorno; valorizar
a atuação de uma criança, jovem ou adulto que possui alguma excepcionalidade, mas
capazes de tantas atividades profissionais e sociais, para as quais são
preparados, e a capacidade impar de pedir e de dar carinho!
Aprender a
viver com o diferente é aprender a confiar, pois a confiança nos faz capazes de
superar dúvidas e receios e alimentar nossas almas com atitudes de gentileza.
Gestos que incluem o dar a vez numa fila, quando necessário; caminhar um pouco
mais num estacionamento para manter as vagas especiais para quem delas precisa;
estender o braço numa oferta generosa e desprendida; receber um olhar que não
pede nada a não ser uma expressão de carinho e amor.
Mudar o foco
para o outro é o jeito de perceber o quanto as coisas que pensamos serem nossas
dificuldades são pequenas. Estas podem ser superadas com o tempo, mas o outro
problema – a carência de espírito – infelizmente, não, porque atrofia a sensibilidade
e torna a alma incapaz de superar os seus próprios limites.
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