Embora o
Brasil também enfrente a crise – veja-se o número de empregos que foram
devorados recentemente – a máquina pública mostra superávits que beneficiam
segmentos já claramente satisfeitos, mas que não são capazes de fazer mudanças,
atendendo a um mínimo do que a Doutrina Social da Igreja prega.
E se não
bastassem os problemas sociais que, em muitos momentos, amarram nossa
capacidade de atuação, pois precisamos de ações assistenciais para garantir, ao
menos, a sobrevivência das pessoas, surgem problemas que são frutos de um tempo
em que as pessoas estão deixando de lado valores como a preservação da vida e
da solidariedade. A construção de “mundos particulares” capazes de “preencher”
nossos vazios, também leva à sensação de falta de sentido: os prazeres são
efêmeros, incapazes de dar sentido à existência.
Neste vazio
estão inseridas as drogas que hoje assolam praticamente todas as classes
sociais, indiferentes à idade, posição ou formação. E se acreditamos que, por
sermos católicos, estamos a salvo, é bom ficar alerta, pois não estamos. Mais
do que nunca, aqui, existem pessoas bancando o avestruz: enterram a cabeça
porque acham que as crianças ou jovens estão apenas “passando por uma fase” e
são capazes de superá-la. Não é assim: o número de dependentes químicos
recuperados é pequeno, ainda, e o melhor remédio é a prevenção.
Os sintomas
são por demais conhecidos, mas vale a pena recordar: mudanças de hábitos, de
humores, de comportamento físico, de relacionamentos, sinalizam que seu filho
está precisando de mais atenção. Com certeza, este não é momento para “lições”,
mas para cumplicidade: a cumplicidade que envolve com amor um jovem que sente
seu mundo ser devorado pela dúvida. Depois, é preciso pedir ajuda.
Fico triste
quando alguns pais dizem que “vamos resolver isto dentro da família”. Não vão.
É algo mais forte e que pode criar mais problemas ainda em família. Assim
como, em alguns casos, se diz que “fogo se combate com fogo”, aqui também: uma
boa orientação, clarear perspectivas e aplicar adrenalina pura no coração de
quem sabe que a droga mata, mas que precisa, urgentemente, ver sentido na
própria vida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário